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O drama das meninas da vacina

12/09/2014
O alerta vem de diversos especialistas em saúde pública, preocupados com a repercussão das internações de 11 meninas de Bertioga, que reclamaram após serem imunizadas. 

Todas elas eram de uma mesma escola. Oito receberam alta rapidamente e nas outras três persistiam sintomas como dores, tonturas, fraqueza e até mesmo a paralisia de membros. Elas foram avaliadas por um neurologista, que não encontrou alterações neurológicas nas estudantes.

O secretário de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, acredita que o problema das meninas tem fundo emocional, uma espécie de estresse pós-injeção. “Esta síndrome já foi observada em outras vacinas, não causa dano neurológico, regride espontaneamente”, completa.
Vasconcelos revela que ocorreu fato semelhante quando a vacina começou a ser aplicada nos Estados Unidos.  “Quando se vacinava em uma escola e acontecia um desmaio, ocorriam 5 ou 6 desmaios na mesma escola. Em outras, não ocorria nenhum desmaio”, diz Barbosa. Ele cita que ver um colega desmaiando deixa os colegas tensos e ansiosos e mais propensos à ocorrência.

A infectologista Rosana Richtman, do Hospital Emílio Ribas, reforça: “Uma menina diz ter um sintoma e a outra começa a sentir algo semelhante”, afirma.
A diretora de Imunização da Secretaria Estadual de Saúde, Helena Sato, que esteve em Santos para acompanhar o caso, informou que não houve nenhum problema com o lote de vacinas utilizado em Bertioga ou falhas no armazenamento das vacinas. 

Ela destaca que um eventual problema de má conservação da vacina poderia acarretar uma baixa eficácia da imunização e não resultaria nas queixas manifestadas pelas meninas. 
“Também não foram identificadas outras queixas envolvendo o mesmo lote da vacina, seja em São Paulo, seja em outros Estados”, completa.

O  presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, explica que os eventos adversos mais comuns relacionados à vacina de HPV são dor, inchaço e vermelhidão no local da aplicação.
Também podem ocorrer febre, mal estar, dor de cabeça e desmaios nos primeiros 15 minutos após a vacinação. Segundo os especialistas, essas reações são benignas, sem gravidade e não deixam sequelas.
 
Combate ao câncer de colo de útero
O papilomavírus humano (HPV) é um vírus contagioso que pode ser transmitido com uma única exposição, por meio de contato direto com a pele ou mucosa infectada. Segundo a médica Helena Sato, diretora de imunização da Secretaria de Estado da Saúde, sua principal forma de transmissão pode ocorrer pela relação sexual, mas também há contágio entre mãe e bebê durante a gravidez ou o parto, é a chamada transmissão vertical.

Inicialmente sem sintomas, a infecção por HPV pode evoluir para lesões de pele e mucosas, em alguns casos também ocasiona o surgimento de verrugas genitais. Quando não tratada corretamente, essas lesões podem evoluir para um quadro de câncer genital, como o câncer de colo de útero, cuja doença tem como principais sintomas dores, corrimento ou sangramento vaginal. “A eficácia da vacina é superior a 95%”, garante a médica.

Prevenção

A imunização está disponível nas unidades de saúde dos bairros, de segunda a sexta, das 9h às 16h. É preciso levar a carteira de vacinação. 
Na primeira etapa da campanha, foram vacinadas 6.567 meninas residentes em Santos, o que representou 88,8% da população alvo. De acordo com o Ministério da Saúde, devem ser vacinadas crianças entre 11 e 13 anos. A segunda dose é aplicada seis meses após a primeira. Para completar o esquema vacinal, a terceira dose é dada após cinco anos da primeira aplicação.