Comportamento

Qual é o limite e o impacto da tecnologia na vida das crianças?

03/10/2014
por Giovanna Mari
 
Segundo pesquisa realizada pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), que implementa decisões do Comitê Gestor da Internet no Brasil, 59% das crianças no Brasil de cinco a nove anos já utilizam um celular ou tablet. Mas qual é o limite e o impacto da tecnologia na vida das crianças? Ficar atento e estabelecer regras pode fazer toda a diferença no desenvolvimento do seu futuro adulto.

Controle o excesso 
Para a psicóloga Olívia Aparecida da Silva, as crianças devem acompanhar tamanha modernidade e embarcar na viagem da tecnologia. Porém, sempre com vigilância, cautela e regras. “Imponha horários e não permita que vire um vício. O importante é bloquear alguns sites e controlar o excesso, mas sem proibir o uso”, explica. 
 
A cumplicidade e o exemplo que os pais devem dar são primordiais para uma boa educação. “É importante que os pais não fiquem por horas e horas utilizando o equipamento. Para estabelecer uma regra, é preciso cumpri-la primeiro. Além disso, diariamente recebo crianças que reclamam de seus pais que não largam o celular e não conseguem ao menos conversar com eles. Isso pode atrapalhar muito no desenvolvimento da criança”, conta a psicóloga.

Proponha brincadeiras tradicionais

Mas será que não há outros passatempos mais comunicativos e interessantes para apresentar às crianças? Segundo Olívia, sim. A especialista sugere que mantenham brincadeiras tradicionais ordenando horários. 
 
A maioria das habilidades sociais e intelectuais, necessárias para ter sucesso na vida, é desenvolvida por meio de brincadeiras de infância. Os jogos não estruturados, EM QUE as crianças têm que descobrir tudo por si só, são muito importantes. As crianças aprendem a resolver problemas, pensar de forma criativa e trabalhar como uma equipe, a partir DA construção de uma tenda, ou cavar juntos uma caixa de areia, por exemplo. “Além disso, não se esqueça de que a falta de jogar e brincar pode também levar à obesidade na infância, distúrbios associados com ADHD, problemas comportamentais e até efeito negativo no desenvolvimento criativo da criança”, revela.

Tecnologia na escola

Pesquisa produzida pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (CETIC.br) revela que o uso de recursos tecnológicos nas escolas do Brasil também aumentou. Quase a totalidade das instituições tem computador e acesso à internet. Outro destaque é o crescimento dos tablets: em 2012, apenas 2% das instituições públicas possuíam esse tipo de equipamento; em 2013, o número chegou a 11%. 
 
Já para o adolescente, além dos responsáveis, professores também são indispensáveis. “A função maior da escola é organizar o uso da tecnologia com os estudantes, mostrar a eles quais as possibilidades, os limites e o lado educativo a ser explorado em cada plataforma”, explica a coordenadora pedagógica do ensino médio do Liceu Santista, Alcielle Santos.
 
Para a coordenadora, graças aos dispositivos, é possível, pela primeira vez, unir de maneira tão integrada o mundo dentro e fora da escola. Os tablets são portáteis, permitem consumir, produzir e compartilhar conteúdos como textos, fotos e vídeos, possibilitam interatividade e conexão à internet. “Tudo isso pode significar uma transformação para a velha escola, praticamente estacionada no século 19, com quadros negros e aulas expositivas”, opina Alcielle.