Comportamento

Celebração à memória e à vida

31/10/2014
Velas, flores, orações. Este domingo, 2 de novembro, é o dia reservado para homenagear os entes queridos que já não estão mais em nosso convívio, mas continuam vivos em nossa memória e coração. O Dia de Finados é uma data celebrada em várias partes do mundo, mas cada sociedade tem sua cultura, suas crenças e sua forma de reverenciar seus mortos.
 
Enquanto no Brasil, com forte tradição católica, as pessoas costumam visitar os cemitérios, acender velas, levar flores e mandar celebrar missas, há lugares onde a melancolia passa longe. É o caso do México, cuja Festa dos Mortos dura três dias (31 de outubro a 2 de novembro) e atrai turistas de várias partes do planeta.
 
As famílias mexicanas se reúnem e fazem oferendas com as comidas e bebidas preferidas dos que se foram; casas e ruas são decoradas com máscaras e desenhos de caveira e há grandes desfiles com alegorias alusivas à morte. Não muito longe, na Guatemala, a população enfeita o céu com grandes pipas coloridas, enquanto no Haiti a celebração inclui batucada com tambores, que são tocados durante a noite perto dos cemitérios para acordar o Deus da morte.
 
Diz o ditado que a morte é a única certeza que temos, mas o assunto permanece um dos maiores enigmas da humanidade e costuma ser evitado, já que envolve temores, mistérios e tabus. A morte, pelo menos para a cultura ocidental, carrega sempre um significado negativo de perda, mas a ideia difundida pelas religiões de que é apenas uma passagem, e não o fim de tudo, torna a relação com o tema menos dolorosa.
 
Tradição antiga – O hábito cristão de dedicar um dia para rezar pelos mortos teve início por volta de 998, quando um abade do mosteiro de Cluny, na França, ordenou que os monges orassem pelos mortos, especialmente por aqueles de quem ninguém lembrava mais. A oração virou tradição e foi se tornando popular até que no século XIII a celebração passou a ser 2 de novembro, dia seguinte ao Dia de Todos os Santos.
 
A morte sob a ótica da religião
O que não faltam são interpretações para a morte. Enquanto para os ateus ela representa o fim de tudo, nas diversas religiões praticadas no mundo o homem encara a morte como uma passagem de um mundo para outro. Mas há variações: cristãos, islâmicos e judeus acreditam que após a morte há a ressurreição; espíritas creem na reencarnação; há doutrinas que pregam que as pessoas podem renascer no corpo de algum animal ou vegetal; e em algumas religiões orientais a reencarnação tem o sentido de continuar o processo de purificação. O que vale é a fé de cada um.
 
Catolicismo – Para os católicos, a morte é uma passagem, o caminho para a vida eterna e está inserida na crença de um céu, de um inferno e de um purgatório. Dependendo de seus atos, a alma se dirige para cada um desses lugares. Crê na imortalidade e na ressurreição e não na reencarnação da alma. 
 
Espiritismo – A morte seria apenas a passagem da alma do mundo físico para a sua verdadeira vida no mundo espiritual. Defende a continuação da vida após a morte num novo plano espiritual ou pela reencarnação em outro corpo.
 
Judaísmo – Algumas correntes acreditam na reencarnação, outras na ressurreição dos mortos. Enquanto a reencarnação representa o retorno da alma para um novo corpo, a ressurreição é definida como o retorno da alma ao corpo original. 
 
Igreja evangélica – Como no catolicismo, os evangélicos acreditam no julgamento, na condenação (céu ou inferno) e na eternidade da alma. O julgamento ocorre não pelas ações da pessoa em vida, mas pela fé que ela teve na palavra de Deus e pelo amor ao Senhor. 
 
Budismo – Prega o renascimento ou reencarnação. Após a morte, o espírito volta em outros corpos, subindo ou descendo na escala dos seres vivos (homens ou animais), de acordo com a sua própria conduta. 
 
Hinduísmo – A visão hindu de vida após a morte é centrada na ideia de reencarnação. Quando o corpo morre ocorre a transmigração. Dependendo da conduta, a alma passa para o corpo de outra pessoa ou para um animal, pois a toda ação corresponde uma reação – Lei do Carma. 
 
Islamismo – Para o islamismo, as pessoas serão julgadas e uma nova vida começará depois da avaliação divina. Esta vida seria então uma preparação para outra existência, seja no céu ou no inferno. 
 
Igreja Adventista do Sétimo Dia – Os mortos dormem profundamente até o momento da ressurreição. Quem cumpriu seu papel na terra recebe a graça da vida eterna, do contrário desaparece.
 
Candomblé – Os cultos afro-brasileiros acreditam que os mistérios da vida e da morte são regidos por uma Lei Maior, uma força divina que dá o equilíbrio divino ou eterno. O Candomblé vê o poder de Deus em todas as coisas e, principalmente, na natureza. 
 
Umbanda – Explica o universo através de sete linhas, regidas por orixás. Ao morrer, a pessoa será atraída por estes mundos espirituais. A matéria é apenas um dos caminhos para a evolução do espírito.