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Dinheiro não aceita desaforo

14/11/2014
A questão, claro, implica no valor da renda, mas outros fatores também influem diretamente no bolso e impedem alcançar a tão sonhada independência econômica. São verdadeiras armadilhas, algumas muito estimuladas nos dias atuais, como o consumo e incentivo exacerbados, o imediatismo, o crédito fácil, familiares inconscientemente sustentados, a despreocupação com o amanhã, o desconhecimento e a falta de planejamento financeiro.

“Para melhorar e potencializar o desempenho financeiro é necessário mudar o comportamento perante o dinheiro. E isso vale para qualquer individuo, desde o mais simples até o mais catedrático. Dinheiro não aceita desaforo, se ele não estiver no seu bolso, estará no bolso de outro”, comenta a especialista em educação e coaching financeira, Karen Calixto, que fará palestra sobre Finanças Pessoais na quarta-feira (15), às 18h, na OAB-Santos. 

Karen, entretanto, aponta uma atenuante: “em nenhum momento nossa família, escola ou a universidade trabalhou esta questão de forma sustentável, principalmente quanto ao ensino dos melhores comportamentos e a forma de como lidar com o dinheiro, quais as atitudes ideais e quais a opções para chegar à sonhada independência financeira”. Confira a seguir a análise que a especialista faz sobre erros e situações comuns que atrapalham os sonhos e encurtam os bolsos:

Reserva de emergência
A reserva de emergência é essencial para momentos de crise e em que há um desencaixe, indica a educadora financeira. “No caso do profissional liberal, ele necessita inclusive de famoso planejamento para obter duas reservas, a financeira e a de emergência. A reserva de emergência será usada apenas e tão somente para momentos de crise, onde não houve previsão daquele acontecimento, como doenças, desemprego e outros. E a financeira será utilizada para os momentos onde o fluxo de caixa está baixo em virtude da sazonalidade”.
 

Ter dinheiro não é tudo
“A sociedade quase sempre enxerga uma pessoa bem sucedida financeiramente como aquela que aparenta ter dinheiro. Entretanto, aparentar riqueza não significa sucesso financeiro. Esta palavra para a educação financeira está conectada com trabalhar por prazer e não por necessidade e, o mais importante, ser feliz. Além disso, o sucesso financeiro está relacionado à prosperidade, que é muito mais do que ter status ou uma conta bancária gorda. É ter sucesso em todas as áreas da vida, realizar seus objetivos, propósitos, tanto financeiros como os de sua vida”, diz a consultora.

Analfabetismo Financeiro
“A cultura do brasileiro ainda é de não pensar em independência financeira, aliás, as pessoas não sabem nem o que significa independência financeira. Quando pergunto o que seja esse conceito, na maioria das vezes respondem: trabalhar e pagar seu custo de vida sem depender de outras pessoas”, comenta Karen Calixto. Segundo ela, isto é um grande erro. “Na educação financeira trabalhamos com o conceito de independência financeira ligado intimamente a possuir um patrimônio, o qual sua rentabilidade possa prover duas vezes seu custo de vida”.

Acomodação
Para Karen, o brasileiro ainda é muito acomodado, ele prefere deixar seu dinheiro na poupança e não se aprofundar em conhecimentos, os quais irão lhe trazer vantagens. “Muitas vezes, as pessoas deixam de buscar ajuda especializada ou até mais informação, alegando falta de tempo, falta de habilidade com a questão e, com isso, acabam descentralizando decisões que deveriam ser suas para outras pessoas, como, por exemplo, os gerentes de banco.

Aposta na sorte
Karen diz não acreditar em sorte quando o assunto é ganhar dinheiro. “Acredito em esforço, planejamento e ação, isto é o que move tudo e, fundamentalmente, a ação rumo à realização de seus propósitos e objetivos que estão intimamente ligados ao sucesso”.

Consumo exacerbado
Para resistir a tantos apelos é essencial priorizar seus objetivos; mudar o comportamento perante o dinheiro e pesquisar sempre, a fim de encontrar produtos que tenham qualidade e estejam adequados às suas necessidades no momento. “Precisamos analisar a questão do “Eu preciso” ou “Eu quero”. Esta é a primeira pergunta a ser feita antes de consumir”, orienta.

Casa própria ou aluguel
O sonho da casa própria é estimulado em nossa sociedade, mas, na opinião de Karen, o que não compensa é financiar um imóvel. “Tem que pôr na ponta do lápis quanto seria um aluguel, mesmo que seja em um local menos valorizado, pois a diferença entre o valor da locação e a parcela que pagaria em um financiamento pode ser poupada e aplicada, possibilitando, em alguns anos, a compra do imóvel à vista, em menos tempo do que pagaria um financiamento imobiliário”. 

Um bom conselheiro

É importante lembrar que o gerente do banco é treinado para vender o produto de sua empresa, mas nem sempre o que tem na carteira da instituição é o melhor produto ofertado no mercado. “A imparcialidade, no caso em questão, não existe. O cliente deve observar todas as opções que existem no mercado e estudar seus objetivos com relação às suas finanças”, orienta.