Porto

Há motivos para comemorar?

30/01/2015
Na segunda-feira (2), vão se completar 123 anos desde que o Nasmith atracou no primeiro cais do Porto de Santos. Muita coisa mudou de lá para cá, na situação econômica do país e na vida dos moradores das cidades que abrigam o maior complexo portuário do hemisfério sul. 
 
Os números são gigantescos:  mais de 110 milhões de toneladas movimentadas por ano, quase 450 navios por mês, 15 mil caminhões por dia, 20 mil trabalhadores diretos. E chama a atenção uma mudança no perfil do complexo portuário, na qual ganham cada vez mais espaço as cargas transportadas em contêineres (com mercadorias com maior valor) em relação aos granéis (açúcar, soja, café, fertilizantes etc.).  Santos tem o porto que mais movimenta contêineres na América Latina e está em 38º no ranking mundial., segundo a revista britânica “Conteinerisation international”.
 
O presidente da Codesp, Angelino Caputo, informa que os terminais de contêineres de Santos apresentaram desempenho superior ao dos principais complexos portuários do mundo, como Roterdã, na Holanda, e Hamburgo, na Alemanha, ao atingirem a média por hora de 104 movimentos. O Tecon Santos chegou a bater, em setembro, o recorde histórico da América do Sul, com a média de 194 movimentos por hora.
 
O resultado é fruto dos maciços investimentos feitos pela iniciativa privada, que construíram (ou ampliaram) grandes terminais, como o Brasil Terminais Portuários, Embraport e Santos Brasil. E vem mais por aí: a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), entidade que zela pela organização do porto, estima que devem ser investidos cerca de R$ 7 bilhões até 2024, ano em que a movimentação de cargas chegará à casa dos 230 milhões de toneladas. Isto é, em praticamente uma década, o Porto de Santos dobrará de tamanho. 
 
Evidentemente, ganham com este crescimento as empresas, que faturam mais; as prefeituras, que arrecadam mais tributos; e a população, com a geração de empregos e o consequente aumento na circulação de riquezas nas economias locais. 

Efeitos colaterais– Porém, e sempre tem um porém (como dizia Plínio Marcos), há também os ônus por abrigar um complexo portuário gigantesco. Os problemas que ele gera são diretamente proporcionais, que vão do aumento exagerado da população de pombos aos congestionamentos de estradas e avenidas, passando pelo aumento da poluição do ar nas áreas vizinhas aos terminais de granéis e as suspeitas de assoreamento de praias e mudanças nos humores das marés (por conta das dragagens para deixar o canal de navegação mais profundo).
 
A expectativa agora é quanto à atuação do novo ministro dos Portos, Edinho Araújo, que, apesar de ser uma de região que fica a mais de 600 quilômetros de qualquer porto marítimo brasileiro, chegou ao posto pelo dedo forte do vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB).
 
Em suas primeiras ações, ele demonstrou uma franca preocupação com o tráfego para escoar a safra de grãos, o que no ano passado causou o caos no trânsito da região, e também com a fiscalização ambiental na emissão de poeira na Ponta da Praia. 
 
“As empresas terão que garantir a qualidade de vida da população. Precisamos dos terminais e da geração de empregos, mas é necessária uma harmonia com a sociedade”, disse ele, em reunião com o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), na semana passada.
 
Investimentos
Além dos projetos tocados pela iniciativa privada, o poder público também aplica recursos em obras. Além das avenidas perimetrais, foi realizado um serviço de dragagem para garantir o calado de 13,2 metros. Foram gastos mais de R$ 60 milhões, para retirar 2,8 milhões m³ de sedimentos em berços de atracação e nos trechos 1, 2, 3 e 4 do canal de navegação.
 
Outro projeto milionário (como tudo que envolve o porto) é a instalação do VTMIS (Vessel Traffic Management Information System), em português, Sistema de Gerenciamento de Informações do Tráfego de Embarcações. O projeto prevê a construção de quatro torres de monitoramento e uma central de processamento e supervisão de dados. Terá câmeras de vídeo e equipamentos para medir marés, ventos, chuvas e temperaturas, entre outros dados. . Ao custo de R$ 31 milhões, tem previsão para começar a funcionar daqui a dois anos e meio.