Comportamento

Terapeuta defende educação sexual a partir dos 6 anos

06/10/2015
A sexóloga Laura Muller, que ganhou notoriedade ao falar sobre o tema com os jovens no programa “Altas Horas” de forma direta e educativa, acredita que o assunto sexualidade deve ser abordado pelos pais em casa e a partir dos seis anos da criança na escola. Assim, ao abordar questões com gravidez precoce, doenças sexualmente transmissíveis e iniciação sexual,  pode-se evitar consequências desagradáveis.

Muller esteve em Santos nesta terça-feira (6), para participar de um bate-papo com estudantes, como parte da programação do evento “um dia no campus”, promovido pela Unip. 

No encontro com os adolescentes e “jovens adultos”, como ela gosta de designar, não faltaram perguntas que embaraçariam muitos pais. Mas Muller, de modo direto, simpático e seguro, respondeu a todas as dúvidas. Antes do bate-papo, ela deu a seguinte entrevista ao Jornal da Orla:
 
Há um ‘meme’ na internet que ficou famoso, do candidato a presidente Eduardo Jorge, que diz: ‘Pais, ensinem ortografia para seus filhos. Sexo e drogas eles aprendem na rua’. Não é isso, né?
Laura Muller – Hoje, muitas vezes os jovens aprendem, sim, sobre sexo e drogas na rua, mas não sei se com o conteúdo educativo que a gente quer passar. Então, a proposta da palestra é dar estas dicas sobre sexualidade de um jeito bastante educativo e descontraído, no formato de bate-papo, com perguntas e respostas. Vamos abordar três grandes áreas para trabalhar com o jovem brasileiro, que é a gravidez fora de hora, as Doenças Sexualmente Transmissíveis, como evitar e lidar com tudo isso, e também sobre a prática do sexo em si, que inclui o afeto, o prazer e a diversidade sexual.

Agora, no raciocínio inverso do Eduardo Jorge, os pais devem, sim, dar educação sexual para os filhos. Mas os pais estão preparados para isso?
Muller – Infelizmente, o adulto de hoje não teve aula de educação sexual na sua infância ou adolescência. Mas a gente tem, cada vez mais, adultos buscando informações para poder abrir esse campo para o diálogo em casa. De quem é a tarefa de fazer educação sexual? Primeiro dos pais, que são os educadores dos filhos, e a partir dos seis anos, isso é sugestão dos parâmetros curriculares nacionais, que o tema sexualidade seja transversal no ensino. Então, a partir dos 6 anos, a escola entra fazendo parceira com a casa e é dessa turma a tarefa de fazer uma educação sexual de qualidade. 

E como ajudar a preparar os pais a dar essa educação sexual numa sociedade que muitas vezes os dogmas religiosos acabam influenciando e até desinformando?
Muller – As religiões devem ser respeitadas. Cada pessoa tem o direito de escolher a sua religião e cada uma é do jeito que é. Agora, os pais podem ouvir coisas sobre educação sexual desde que estejam interessados nisso. Eu, por exemplo, dou palestras pelo Brasil para pais. Também há livros, sites de qualidade, a gente pode buscar conteúdo. Onde for possível conseguir uma informação de qualidade está de bom tamanho.

Nesse seu contato com os jovens, qual é a principal angústia deles?
Muller – Essa fase de iniciação sexual é muito angustiante, e vai angustiar em relação à gravidez, às Doenças Sexualmente Transmissíveis e à iniciação sexual em si. É o que mais preocupa essa turma jovem.

E em relação ao “ficar”, que é muito comum nos dias de hoje? Qual é o limite?
Muller – O ‘até onde ir’ é até onde essa prática não fere, nem física nem emocionalmente, nem fere a pessoa que está ao lado. Se o jovem se sentir preparado para esse ficar e até onde ir, ele que vai decidir até onde ele vai.

Fique por dentro do que rolou durante a palestra realiza na Unip.