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O mundo não entende o Brasil

06/02/2016
A revista britânica The Economist publicou recentemente um artigo denominado “sambando à beira do abismo” por meio do qual critica os políticos que deveriam estar preocupados com os grandes e graves problemas que afetam o país. “Janeiro é um mês morto no Brasil. Tirando a agitação dos ensaios das escolas de samba, que se preparam para seus desfiles cheios de luxo e libertinagem, o país para e os brasileiros curtem férias no verão escaldante do Hemisfério Sul. Diminui o número de carros atravancando as ruas, aumenta o número de corpos seminus refestelando-se nas praias. Os políticos fazem como todo mundo e ficam de papo para o ar”, afirma a revista. E por aí vai.
 
O que a publicação inglesa e provavelmente boa parte do mundo civilizado não entendem é como milhões de brasileiros podem sambar, em clima de festa de fazer inveja, ao mesmo tempo em que e economia derrete, promovendo centenas de desempregados a cada dia, a criminalidade aumenta a níveis sem precedentes e hospitais, como os do Rio de Janeiro, não têm sequer remédios e esparadrapos para seus pacientes. Isso sem falar no maior escândalo de corrupção da história da humanidade, que colocou na cadeia alguns empresários e políticos, e do Aedes aegypti, que já assusta o planeta.
 
Realmente é bem complicado para quem não é brasileiro entender um retratado como o pintado na reportagem da conceituada revista britânica. Trata-se de uma questão cultural. Para boa parte dos brasileiros, o ano começa depois do carnaval, o que significa que problemas e eventuais soluções começam a ser discutidos somente após o reinado de Momo. 
 
Sempre foi assim e sempre será assim no Brasil. Ponto. Essa característica talvez seja a razão principal da má qualidade de políticos que é produzida a cada ano no país. Dilma Roussef é uma péssima presidente, arruinou as finanças do país, mas qual alternativa a ela? Quem na oposição tem a grandeza de um estadista e oferece caminhos para restaurar a decência, e apresenta propostas objetivas para tirar o Brasil da grave crise econômica e moral?
 
Sambar à beira do abismo talvez seja o autoengano natural de quem não vê perspectivas no horizonte. Ou simplesmente uma válvula de escape para tantas bandalheiras e mazelas.