Notícias

Combate ao cyberbullying depende de respeito às diferenças

04/06/2016
Se o assunto é bullying praticado pela internet, os alunos da rede municipal de ensino de Santos deixam qualquer adulto ‘no chinelo’. A prova disso é a estudante Antonella D’Amice, de 10 anos, da UME José Genésio, no morro do José Menino, que, na terça-feira (31), recebeu a visita da equipe do Projeto Cidadão, que desta vez tem como tema “Cyberbullying e Cultura de Paz”. Ao explicar o significado do desenho que estava preparando para o projeto, a aluna disse: “Estou desenhando uma menina, um menino com os cabelos enrolados, uma cega, um cadeirante e um idoso para mostrar que é importante conviver com as diferenças”. 
 
As palavras da criança refletem uma necessidade urgente diante de um problema que, além de ser um fenômeno global, tem aumentado no Brasil: o cyberbullying. Um estudo da Intel Security feito em 2015 com 507 crianças e adolescentes brasileiros, entre 8 e 16 anos, mostrou que a maioria deles (66%) já presenciou casos de agressões nas redes sociais. Entre os menores de 13 e 16 anos, 21% afirmaram que já sofreu humilhações pela net. As agressões virtuais relatadas pelos entrevistados são variadas: piadas sobre a aparência e sexualidade, marcação em fotos vexatórias, exclusão em eventos da turma. 
 
As crianças justificaram o comportamento com três principais motivos: defesa, porque a pessoa afetada as tratou mal; por simplesmentenão gostar da vítima; e para acompanhar outras pessoas que já estavam praticando o cyberbullying.
 
Facebook oferece plataforma com dicas sobre o assunto
Apontado como principal ambiente para a propagação do bullying pela internet por alguns educadores, recentemente, a rede social Facebook lançou uma Central de Combate ao Cyberbullying no Brasil (www.facebook.com/safety/bullying). A plataforma oferece dicas para adolescentes, pais e educadores que precisam lidar com o problema e suas consequências. O site também disponibiliza orientações para denúncias, bloqueio do agressor, gerenciamento de privacidade, entre outras funções que ajudam a evitar o cyberbullying. 
 
Para as escolas, o Facebook indica um guia de recursos que podem ser usados em sala de aula. 

 
Escolas têm papel fundamental
A escola, como ambiente de aprendizagem e preparação dos indivíduos para a vida social, tem fundamental papel na prevenção de práticas como o bullying e o cyberbullying. O Programa de Combate à Intimidação Sistemática, sancionado pela presidente Dilma Rousseff em novembro de 2015, obriga as escolas a produzirem campanhas educativas, bem como relatórios sobre casos de bullying ocorridos na instituição. A lei é dura: também prevê responsabilização da unidade por omissão ou negligência, se não forem seguidas as diretrizes do programa. A partir de então, o professor passou a aliar a função de educador à de vigilante, orientando os alunos sobre o assunto, identificando situações e auxiliando na solução dos casos. 
 
A professora Cláudia Rodrigues, da escola José Genésio, é uma das responsáveis por ajudar os alunos a criarem desenhos sobre o tema proposto pelo Projeto Cidadão. Ela diz que, apesar de ser um assunto delicado, os pequenos estudantes não encontraram dificuldades em transmitir o que aprenderam em seus trabalhos. “O tema foi apresentado e a gente conversou a respeito. Eles procuraram o que é cyberbullying, trouxeram histórias. Então, mostrei o trabalho do Jornal da Orla, que é nosso parceiro de inúmeras outras edições. As ideias foram surgindo de acordo com o que eles foram fazendo. Tem sempre um que desenha melhor do que o outro. Então, esse desenho vai rodando na sala porque um ajuda o outro.”
 
Jurados em ação
As escolas devem entregar os trabalhos, que vão participar de um concurso cultural, até segunda-feira (6). Os alunos dos 1º ao 5º anos produzirão desenhos, em folha de papel A4, a lápis, canetinha, giz de cera ou tinta. Os dos 6º aos 9º anos farão poemas sobre a importância da prevenção do bullying nas redes sociais. Em ambas as categorias serão avaliadas a pertinência ao tema, criatividade e ortografia. Na terça-feira (7), os jurados se reunirão na sede do Jornal da Orla para a escolha dos melhores trabalhos.