Notícias

A doença de Edson Celulari

25/06/2016
Ao revelar estar se tratando de um linfoma não-Hodgkin (câncer no sistema linfático), o ator Edson Celulari chamou a atenção do país para uma doença que só este ano deve atingir mais de 10 mil brasileiros, segundo estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA). De acordo com o órgão, nos últimos 25 anos o número de casos deste tipo de câncer duplicou no mundo, principalmente em países mais desenvolvidos. O principal fator de risco seria o envelhecimento da população.
 
Celulari não é a primeira celebridade vítima da doença. O câncer é o mesmo que já foi diagnosticado na presidente afastada Dilma Rousseff; no também ator Reynaldo Gianecchini e no governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, que se encontra em tratamento. A boa notícia é que, segundo a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), as chances de cura são, em média, de 60% a 70%; outros pacientes podem fazer o controle por muitos anos, tornando a doença crônica.  
Desequilíbrio do sistema linfático
O sistema linfático é uma parte importante do sistema imunológico, que faz a defesa do nosso organismo no combate a infecções. No linfoma, as células do sistema linfático passam a se proliferar de forma descontrolada, dando origem a dois tipos da doença: Hodgkin e não-Hodgkin. Os linfomas não-Hodgkin correspondem a mais de 80% de todos os casos e apresentam mais de 20 subtipos, podendo ser agressivos ou pouco agressivos.
 
De acordo com o hematologista Phillip Scheinberg, do Centro Oncológico da Beneficência Portuguesa de São Paulo, na maior parte dos casos não há causas que predispõem ao aparecimento dos linfomas. “Em uma minoria dos casos, a doença se desenvolve em cenários mais específicos, como em pacientes em uso de drogas imunossupressoras, no pós-transplante ou em caso de algumas infecções”, explica. E ainda, segundo ele, infelizmente não há como prevenir este tipo de câncer. “É preciso estar atento aos sintomas e procurar um médico para que possa ser realizada uma avaliação e a conduta mais indicada”, orienta.

Gânglios e febre persistente
Na maioria dos casos, a doença se apresenta com aumento dos gânglios linfáticos ou linfo-nódulos chamados de ínguas, em regiões como o pescoço, nas axilas e virilha. Portanto, o aparecimento de nódulos com duração de uma, duas, três semanas, sem que haja evidência de uma infecção, é sinal de alerta de que possa ser um linfoma e o paciente deve procurar atendimento especializado.
 
Outros sintomas são febre persistente sem causa infecciosa, excessivo suor noturno, tosse, coceira na pele e perda de peso. O hematologista Carlos Chiattone ressalta, entretanto, que muitas doenças que envolvem processos infecciosos podem levar ao aumento dos gânglios linfáticos, não somente os linfomas. Além disso, nem sempre o hematologista pode indicar indícios de linfoma. “Como ela se inicia nos gânglios linfáticos e linfo-nódulos, pode começar em qualquer lugar do corpo. No estômago, por exemplo, tem como manifestações clínicas uma alteração digestiva alta ou uma gastrite, uma úlcera”, diz.
 
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico precoce do linfoma é absolutamente relevante na perspectiva de cura do paciente. “No sistema público de saúde há um retardo muito grande entre o início dos sintomas e o começo do tratamento, implicando em um pior prognóstico para o paciente”, lamenta o médico Carlos Chiattone. Entre as opções de tratamento estão a quimioterapia, a imunoterapia, a radioterapia e o transplante de medula óssea.