Datas Comemorativas

Uma relação de amor em mão-dupla

06/08/2016
No domingo (14) comemoramos o Dia dos Pais, uma data para render homenagem a uma figura muitas vezes ofuscada pela onipresença da mãe, mas igualmente fundamental na formação de um novo ser humano. 
 
Se no passado o pai se limitava ao papel de provedor do lar, hoje a paternidade é exercida com prazer, amizade, companheirismo, cuidado, atenção, proteção, sentimentos que aproximam e ajudam a evoluir a relação de amor entre pai e filho.
 
Seja em pequenos detalhes ou em incrível semelhança, a genética é sempre um traço marcante e visível, mas há outros não perceptíveis aos olhos, mas evidenciados no comportamento, na expressão, na relação com o mundo. E é aí que entra o exemplo, uma das formas mais eficientes de educação. De nada adianta falar uma coisa e agir de outra forma, pois a criança espelha inconscientemente o exemplo dos adultos. 

A arte do exemplo
Os filhos observam o comportamento dos pais e acabam imitando-os, reproduzindo atitudes e até mesmo recebendo inspiração na escolha da carreira profissional. 
 

Diversos estudos indicam que o ambiente onde as crianças são criadas interferem diretamente na sua formação não só educacional, mas também na criação de valores morais. Seria a partir do que veem, do que é habitual, “normal”, “certo” ou “errado”, que as crianças definiriam os próprios valores e os adotariam nas próprias vidas. É o que muitos estudiosos da Psicologia denominam “hipótese da criação”.
 
Para fortalecer este pensamento, recorrem a episódios impressionantes como o “Selvagem de Aveyron”. Em 1799, um garoto de 12 anos foi encontrado em uma floresta na França e se comportava como um animal. Submetido a uma série de exames, não se descobriu nenhuma deficiência mental. Diversos outros casos semelhantes foram registrados ao longo do tempo, como a ucraniana Oxana Malaya, que teria sido criada em meio a lobos e se comportava como um, e Sujit Kumar, que viveu, até os 6 anos, em um galinheiro nas Ilhas Fiji e agia como uma ave. Assim, não importa se entre humanos, lobos ou galinhas, a criança aprende o que pode ou não fazer. “Sem interação com o outro, não há personalidade”, afirma Benito Damasceno, neurologista e professor de neuropsicologia da Unicamp.
 
Jogo de imitação
A formação do caráter, portanto, estaria diretamente ligada à capacidade de “imitar”. Um estudo desenvolvido nos Estados Unidos, por cientistas da Washington University e da Temple University, reforça esta crença. Para entender como o sistema nervoso funciona, eles observaram bebês de 14 meses de idade, escolhidos aleatoriamente. Em um experimento, eles ficavam diante de adultos, que faziam movimentos com as mãos e os pés. O monitoramento da atividade elétrica do cérebro destes bebês revelou que as partes do cérebro deles responsável por cada movimento, no próprio corpo, eram acionadas de acordo com o movimento que viam. Se viam o adulto mexer a mão, a parte do cérebro relacionada a esta parte do corpo ficava mais ativa. Segundo os cientistas, tratava-se de um mecanismo ligado à nossa capacidade de aprendizado cultural. 
 
O pai da Psicanálise, Sigmund Freud, sustentava que as noções de “pecado” e “culpa” são transmitidas pelos pais e, do conflito entre os desejos e culpas resultariam problemas (“recalques”) que acompanhariam a pessoa ao longo de sua vida adulta. Freud foi além: acreditava que o modo como meninos e meninas lidam com a figura do pai e da mãe seria essencial para definir a sua sexualidade.
 
Herança genética
Porém, esta linha de pensamento não é aceita por unanimidade. Um estudo feito na Dinamarca, em 1953, revelou que filhos adotivos tinham personalidades e comportamentos mais parecidos aos de seus pais biológicos do que os de seus pais de criação. Para os pesquisadores, os resultados comprovariam que a herança genética seria determinante no modo de agir dos filhos.
 
Por outro lado, outro estudo, desenvolvido na Universidade do Oregon, nos Estados Unidos, indicou que filhos adotivos, apesar de terem pais biológicos com índole violenta, não tinham comportamentos agressivos, por terem sido criados em um ambiente familiar mais tranquilo.