Cinema

De Santos para o sertão

22/10/2016
O nome dele sempre esteve associado ao taekwondo: foi um dos principais responsáveis pela difusão da modalidade no Brasil, conquistou diversos títulos (inclusive internacionais), chegou a ser técnico da seleção brasileira. E foi justamente esta ligação com o esporte que lhe abriu a oportunidade para atuar na área completamente nova. Fábio Goulart está no elenco do longa-metragem “O Shaolin do Sertão”, uma comédia que teve estreia nacional na quinta-feira (20), e promete ser um dos maiores sucessos de bilheteria do cinema brasileiro.
 
“O diretor do filme, Halder Gomes, era presidente da Federação Cearense de Taekwondo, somos amigos há muito tempo. Ele foi para os Estados Unidos trabalhar como dublê e ficou fascinado pelo mundo do cinema. Aí, começou a se interessar, estudar e passou para trás das câmeras”, explica Fábio. Halder dirigiu dois filmes em Los Angeles e, em 2013, lançou “Cine Holiúdy”, comédia que teve a maior média de público naquele ano. Por conta de sua linguagem cinematográfica, Halder é chamado de “Tarantino cearense”.
 
No ano passado, Fábio foi surpreendido por um convite inesperado. Mais do que participar do novo filme do amigo cineasta, interpretar um dos papéis principais: Toni Tora Pleura, um lutador de vale-tudo que percorre o sertão nordestino desafiando adversários locais.
 
Mas, para interpretar o “quebra-peito”, precisaria ficar “mais forte” e ganhar 10 quilos. Ficou 14 quilos mais pesado, em três meses, à custa de uma rotina de treinamento alucinante e uma poderosa dieta de suplementação nutricional – afinal, a ideia era ficar mais “musculoso”, não gordo.
 
Goulart relata que participar das filmagens foi inesquecível por conta da convivência com os demais artistas. “Sentar à mesa com o Dedé Santana e ouvir a história dos Trapalhões, como eles foram chamando Mussum, o Zacarias. Ou então ouvir o Falcão cantar. Foi uma experiência única, não sei se vou ter outra, mas aproveitei cada segundo”.
 
As filmagens foram feitas ao longo de seis semanas, no sertão, num calor de 45 graus. Para ele, a parte mais marcante do filme é a sequência final, com a luta entre Tora Pleura e Li. “Ficamos sete meses coreografando a luta final, filmada em um circo em Fortaleza. Tínhamos que gravar as coreografias várias vezes, de todos os ângulos. Foi muito bacana”, explica.
 
E a próxima aventura cinematográfica? “Quem sabe no próximo ano a gente não tenha uma surpresa?”, diz Goulart.
 
Artes marciais com sotaque cearense
A história do filme se passa na década de 80, quando lutadores de vale-tudo passam dificuldades financeiras por falta de lutas profissionais e decidem percorrer o sertão do Ceará, desafiando os valentões locais. Um deles é Toni Tora Pleura (Fábio Goulart). E quem se dispõe a lutar contra ele é Aluiso Li (Edmilson Filho), um aficionado por artes marciais que quer ser igual ao ídolo Bruce Lee e impressionar sua grande paixão, Anésia Shirley (Bruna Hamu). Para se preparar, ele conta com a ajuda de Mestre Wilson (Falcão), que tem um método de treinamento bastante inusitado. 
 
O filme tem ainda Dedé Santana (Seo Zé), Marcos Veras (Armandinho) e o palhaço Tirulipa (filho de Tiririca). 
 
Aluiso Li é um verdadeiro Jacky Chan, que usa o que estiver mais próximo para se defender. Mas, como Li está no Ceará, ele recorre a itens como rapadura e rolo de fumo ao lutar.
 
Um filme promissor
Apenas na primeira semana de exibição no Ceará (terra natal do diretor e de grande parte do elenco, e onde foi rodado), numa espécie de pré-estreia nacional, o filme superou “Inferno”, que tem Tom Hanks como protagonista, em média de público por sala. 
 
“O Shaolin do Sertão” tem tudo para ser uma das grandes bilheterias do cinema nacional. Além de um enredo divertido, a estética que mistura filmes de Jack Chan e Trapalhões, o elenco de qualidade, efeitos especiais interessantes e a mão precisa do diretor, o filme também conta com uma grande retaguarda. Coproduzido pela Globo Filmes, Paramount Pictures e Telecine, o longa metragem está em cartaz em 149 salas do Brasil e tem a perspectiva de ser lançado no mercado internacional. Em Santos, infelizmente, ainda não há data para ser exibido.

Veja entrevista com Fábio Goulart.