Resenha da semana: A Garota no Trem

Baseado no best-seller de Paula Hawkins, a Garota no Trem aproveita o sucesso do ótimo Garota Exemplar, e coloca em foco uma forte personagem feminina que se rebela contra a autoridade masculina. Como ciclo natural em Hollywood, o livro logo se tornou filme e ganhou na atriz Emily Blunt, que vem com uma carreira ascendente, seu maior apelo. Muita expectativa foi gerada em torno da produção, mas será que merecia tudo isto?
 

No filme, Rachel (Emily Blunt), uma alcoólatra desempregada e deprimida, sofre pelo seu divórcio recente. Todas as manhãs ela viaja de trem de Ashbury a Londres, fantasiando sobre a vida de um jovem casal que vigia pela janela. Certo dia ela testemunha uma cena chocante e mais tarde descobre que a mulher está desaparecida. Inquieta, Rachel recorre a polícia e se vê completamente envolvida no mistério. O roteiro de Erin Cressida Wilson é cheio de subtramas mal desenvolvidas que reside em três pontos de vista distintos que acabam prejudicando a fluidez da trama. A narrativa conta com uma péssima montagem inserindo flashbacks dentro de flashbacks mal intercalados. A direção de Tate Taylor, de Histórias Cruzadas, é sem dúvida um dos maiores problemas do filme. O suspense é um gênero que exige maior elaboração e cuidado, e a mão do diretor pesa nesse sentido. Ele não dá a tensão necessária tornando a narrativa  extremamente expositiva. O único destaque fica por conta de Emily Blunt com uma excelente atuação. A atriz está totalmente convincente no papel, e sua embriaguez fica nítida até em sua voz mesmo quando tenta aparentar estar sóbria. O mesmo não pode ser dito dos personagens secundários, que são mal desenvolvidos e sem profundidade.
 

A Garota no Trem apresenta uma trama cheia de artimanhas preparadas para conquistar e prender o público. Infelizmente, com um roteiro mal adaptado que não consegue criar a tensão necessária e um diretor claramente fora de sua zona de conforto o filme se perde na própria proposta de ser um suspense convincente.