Resenha da semana: Depois da Tempestade

Saindo da sessão de Depois da Tempestade, ouvi uma moça dizendo que havia gostado do filme, mas o achou muito lento. Realmente, o filme é demasiadamente lento, mas possui uma simplicidade e beleza rara no cinema que estamos acostumados a ver no circuito comercial. Com um roteiro centrado nos protagonistas e em seus conflitos, o filme consegue encantar com uma crônica sobre a felicidade de uma forma quase documental que parece até real.
 

No filme, o Japão está prestes a receber o 23º tufão do ano. A matriarca Yoshiko, uma mulher idosa que mora sozinha, recebe a visita de dois filhos que não costumam ir a sua casa: Ryota, um escritor fracassado que ainda sofre com o divórcio e se arrisca fazendo bicos de detetive particular, e a filha mais velha, que tenta passar por exemplo da família, mas também tem seus problemas. Juntos, eles aguardam a chegada do tufão e relembram a morte recente do pai e marido. O novo filme do premiado diretor Hirokazu Koreeda, mostra o quanto as frustrações e sonhos que não se concretizam podem levar um homem a se perder completamente. 
 

É notável a habilidade que o diretor possui em nos envolver de  forma nostálgica em uma trama com um tom realista e sensível, como se realmente estivéssemos presenciando as alegrias e tristezas daquela família. Mesmo com o foco em Ryota, um sujeito problemático e viciado em jogos que ainda tenta conquistar a ex-mulher, o filme gira em torno do grande pilar familiar: a avó Yoshiko. Ela é o grande destaque do filme, sendo uma pessoa que apesar de todas as dificuldades que enfrentou se mantém confiante e firme, certa de que as coisas sempre vão melhorar. Suas cenas com o filho, com diálogos maravilhosos onde mostra todo seu zelo e amor incondicional, são de partir o coração. Reparem que quando o filme entra em seu terceiro ato e os personagens principais se reúnem na casa da mãe idosa, o longa atinge momentos de extrema beleza mostrando de forma bem íntima o núcleo familiar.

Depois da Tempestade pode não agradar quem procura uma narrativa ágil e não tão contemplativa, mas aborda um tocante e honesto retrato, que aproximará o público daquela família, transmitindo todas suas alegrias e tristezas com um final um tanto quanto pessimista, porém extremamente realista.

Curiosidade