Coluna Dois

Do talento à atitude: a evolução do futebol

15/04/2017
Para vencer equipes talentosas, a alternativa encontrada foi a garra, a determinação. Foi assim que os uruguaios bateram a seleção brasileira na Copa de 1950. E construíram a mística heróica da Celeste Olímpica. Foi assim também que os alemães, venceram os “invencíveis” húngaros em 1954.
 
O Brasil de 1958, com Zito e Bellini, a 1970, com Carlos Alberto Torres e Clodoaldo, uniu a garra ao talento e dominou o futebol mundial.

Na transição da década de 60 para a de 70, o futebol-força constituiu a reação a essa conciliação de talento e garra. Um condicionamento físico superior determinava as equipes vencedoras. Um símbolo, no Brasil, dessa guinada, foi o Inter bicampeão brasileiro, de Rubens Minelli, onde “baixinhos” não tinham espaço.

 
A organização tática sempre teve importância. Mas só assume o primeiro plano a partir de 1974. A garra, a técnica e o condicionamento físico de uruguaios e brasileiros não viram a cor da bola diante do “Carrossel Holandês”.
 
A mudança veio para ficar. Um time desorganizado taticamente ou sem alternativas não tem chances no futebol de hoje.
 
Os gigantes Barcelona, Real Madrid, Bayern e Juventus conciliam todos esses quesitos: talento, condicionamento físico, garra e organização de jogo.
 
Muitos atletas, treinadores e dirigentes bem-sucedidos até os anos 80, ainda não entenderam isso. Não percebem que o futebol – e também outros esportes de alto rendimento – evoluíram dentro e fora de campo.    
 
Neste meio de semana, os grandes jogos da Champions League, da Libertadores e até da Copa do Brasil deixaram claro esse desnível. A organização defensiva definiu o confronto entre Juventus e Barcelona. A perda de concentração derrotou o Bayern de Munique contra o Real Madrid. No jogo entre Palmeiras e Peñarol, chamou muito a atenção o tempo exagerado de acréscimos dado pelo juiz. Mas é bom observar também que o Palmeiras, beneficiado, lutou pela vitória com todas as forças até o apito final. Atitude.
 
Que é um fator que começa a fazer a diferença no futebol: condicionamento mental. Concentração, autoestima, foco, habilidade para lidar com frustrações… Tudo isso já é trabalhado há muito tempo em esportes de alto rendimento como tênis, basquete, vôlei, atletismo, natação.
 
E não para por aí. Depois disso ainda tem o engajamento social… Clubes europeus acolhem refugiados e dão o exemplo para brasileiros lidarem com a exclusão. Mas isso, novamente, é uma outra história que fica para uma outra vez.
 
Tempo de sobra
 A desclassificação no Paulista, diante da Ponte Preta, dá ao treinador e ao elenco do Santos um período longo de treinamento. O Peixe tem mais de um mês para se preparar para a estreia no Brasileiro, dia 14 de maio contra o Fluminense, fora de casa. Nesse período todo, só dois jogos contra o Santa Fé, da Colômbia, pela Libertadores: dia 19, quarta, que vem, fora e dia 04 de maio, em casa.  
 
Peso da camisa
Depois da nova derrota contundente fora de casa do Barcelona em jogo de ida da Champions (3 x 0 para a Juventus de Turim), a referência à épica reação ao desastre anterior (4×0 para o Paris Saint Germain), com a goleada por 6 a 1 era inevitável. Mas 10 (dez) entre cada 9 (nove) comentaristas esportivos afirmaram categoricamente que a tradição da camisa da Juve é outra… A conferir.
 
Favoritos, mas…
 Palmeiras e Ponte, São Paulo e Corinthians. O Palmeiras vai ter de confirmar o favoritismo disparado. Mas perdeu da Ponte em Campinas na fase de classificação (1×0) no mês passado. O Corinthians se acostumou nos últimos anos a olhar para o São Paulo como freguês de caderneta. Mas empatou com o rival nessa mesma fase neste ano (1×1), também em março.