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Uma batalha longe do fim

29/04/2017
Ônibus e metrôs parados, vias bloqueadas, pneus incendiados, os brasileiros enfrentaram na sexta-feira (28) mais um dia de cão nas principais cidades brasileiras durante a greve geral programada pelas centrais sindicais contra as reformas (trabalhista e da previdência) propostas pelo governo Temer.

Para as oposições e sindicatos o protesto foi um sucesso; para o governo e seus aliados, um retumbante fracasso. Já para o trabalhador comum foi apenas mais um dia difícil, de muito stress e dificuldade para chegar ao trabalho e voltar para casa.

 
Em Santos, manifestantes enfrentaram a PM no começo da manhã, bombas de gás lacrimogêneo foram lançadas, mas no decorrer do dia a situação foi se normalizando.

Guerra da comunicação
Os manifestantes não aceitam a reforma trabalhista já aprovada pela Câmara dos Deputados por entender que ela retira direitos dos trabalhadores assegurados pela CLT. O governo e sua base aliada, por sua vez, alegam que a reforma tem por objetivo gerar mais empregos num momento de grandes dificuldades e adequar a Legislação trabalhista aos novos tempos.
 
Com relação à reforma da Previdência, oposições e sindicalistas dizem que o governo vai punir trabalhadores ao invés de cobrar dívidas de grandes empresas e bancos com a Previdência social.
 
O fato é que as reformas são necessárias, mas do jeito que foram elaboradas elas não mexem no bolso dos poderosos e só punem a parte mais fraca da sociedade. Privilégios são mantidos e, para completar, o governo vem perdendo a guerra da comunicação. A maioria dos brasileiros tende a não aceitar as mudanças na forma como estão sendo propostas.
 
O Congresso vai aprovar a reforma da Previdência como está formulada ou fará mudanças? Quando o Brasil vai sair da crise que afeta duramente milhões de cidadãos? Quais as propostas alternativas que as oposições oferecem?  Até quando serão mantidos os privilégios? 
 
São muitas perguntas para poucas respostas. O Brasil segue patinando. Cada dia, uma agonia.
 
O DNA das emendas
O The Interpect, site de jornalismo investigativo que ganhou o Prêmio Pulitzer no ano passado, descobriu que as emendas parlamentares à reforma trabalhista não foram feitas nos gabinetes dos deputados federais, mas nas sedes de entidades patronais. Das 820 emendas emendas apresentadas ao relator, Rogério Marinho (PSDB), 292 (34,3%) foram elaboradas em computadores de representantes da Confederação Nacional do Transporte (CNT), da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF), da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística). 
 
A descoberta foi possível após análise dos metadados dos arquivos, que são uma espécie de DNA dos documentos, divulgados pelo próprio relator. São informações que indicam o autor, a data, horário e local onde o arquivo foi produzido. 
 

Deputados da região votam sim
Os deputados federais da região, [Beto Mansur (PRB); João Paulo Papa (PSDB) e Marcelo Squassoni (PMDB)] votaram a favor da reforma trabalhista, aprovada na quinta-feira (27). 
 
Como fazem parte da base de apoio ao governo Temer, também devem votar a favor da reforma da Previdência. O projeto de emenda constitucional está tramitando em uma comissão especial da Câmara, onde será votado na quarta-feira (3).