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Quando as togas humilham a Nação

05/05/2017
Depois que a segunda turma do STF (Supremo Tribunal Federal) mandou soltar o ex-ministro José Dirceu, a mais alta corte do país recebeu uma enxurrada de críticas, telefonemas, e-mails, alguns agressivos, de cidadãos inconformados com a decisão. 
 
José Dirceu foi o quarto notório corrupto libertado em poucos dias pelos mesmos ministros. Antes dele, foram respirar o ar da liberdade José Carlos Bumlai, João Carlos Genu e o ex-bilionário Eike Batista. Todos têm algo em comum: assaltaram violentamente os cofres públicos, tirando dinheiro da saúde e educação, por exemplo.
 
Os ministros do STF usam belas togas pretas, que impõem, ou deveriam impôr, respeito, seriedade e imponência. Mas na visão de muitos brasileiros de bem essas mesmas togas estão sendo usadas por quem hoje mais parece interessado em mostrar prepotência e arrogância e humilhar a Nação. Até onde isso vai dar, só Deus sabe, mas Rui Barbosa já dizia que a ditadura do Judiciário é a pior de todas as ditaduras, pois contra ela não temos a quem recorrer. É fato.
 
Os três personagens que votaram pela abertura da porteira dos corruptos apanhados pela Lava Jato são velhos conhecidos de boa parte dos brasileiros: Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski. Do ponto de vista ético, os dois últimos a rigor nem deveriam ter votado. Toffoli foi assessor de José Dirceu e Lewandowski chegou a ministro do STF por indicação da ex-primeira dama, dona Marisa Letícia. Isso não os impediu de votar pela soltura do companheiro José Dirceu. Em uma democracia de verdade é provável que o fato tivesse conseqüências. Mas estamos no Brasil…
 
Relator da Lava Jato, e voto vencido na segunda turma do STF, o ministro Edson Fachin percebeu que a porteira estava aberta e decidiu levar para o pleno da corte o pedido de soltura do ex-ministro Antônio Palocci, o “italiano” das planilhas da Odebrecht.
 
O que os 11 ministros vão decidir não é apenas se Palocci deve ser solto, se vão matar e enterrar a Operação Lava Jato, mas, sim, se ainda há esperança para o Brasil. A conferir.