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Políticos manobram para esticar mandatos

06/05/2017
Quando se acha que a audácia dos políticos de Brasília já atingiu seu limite, eis que surge uma manobra que abre as portas para o prolongamento dos atuais mandatos em mais dois anos. 
 
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), desenterrou um projeto apresentado em 2003 que prevê o fim da reeleição e a coincidência das eleições federais e estaduais com as municipais. Assim, em vez de haver eleição ano sim, ano não, os brasileiros escolheriam no mesmo ano o presidente, senadores, deputados, governadores, prefeitos e vereadores.
 
Até seria interessante, mas, como dizia Plínio Marcos, sempre há um porém: o projeto dá a margem para que os mandatos que terminariam em 2018 se prolonguem até 2020, beneficiando Michel Temer, Renan Calheiros, Romero Jucá e tantos outros (centenas) de parlamentares enroscados na Operação Lava Jato.
 
“Não é bem assim”
O relator da Comissão Especial da Reforma Política, o petista Vicente Candido (também investigado na Lava Jato), jura que não é bem assim. Diz que a mudança só valeria a partir da eleição de 2022, que ressuscitou um projeto falecido há 14 anos foi para “ganhar tempo” e que a criação de uma comissão especial para tratar do assunto foi apenas “simbólica”.
 
Difícil acreditar que um presidente e um Congresso que já aprovaram a toque de caixa mudanças profundas como a PEC do Teto dos Gastos e a Reforma Trabalhista não consigam mudar a Constituição para salvar o próprio pescoço.
 
Com dois anos adicionais de mandato, além de mais tempo no poder, Temer continuaria livre de ser investigado na Lava Jato. Já os parlamentares não correriam o risco de não serem reeleitos e permaneceriam com foro privilegiado, escapando de cair nas garras do pessoal de Curitiba – onde as coisas visivelmente andam mais rápidas.
 
O papel acabou?
Em entrevista à Rede TV, na quinta-feira (04), Michel Temer disse que não vai mais se candidatar. “Não tenho intenção de continuar a atividade política, já cumpri meu papel”, afirmou. 
 
Mas e se houver essa virada de mesa, para que fique mais dois anos, ele recusaria?
 
Pode parecer maluquice, mas no Brasil tudo é possível!