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O cerco se fecha para “a alma mais honesta” do Brasil

13/05/2017
O cerco se fecha para “a alma mais honesta” do Brasil | Jornal da Orla
O depoimento de Lula para o juiz Sérgio Moro, no caso do tríplex do Guarujá virou refresco em festa de criança perto da delação premiada dos marqueteiros João Santana e Monica Moura – uma verdadeira bomba nuclear a detonar a alta cúpula do PT, em especial os ex-presidentes Lula e Dilma.
 
O casal 20 do meio publicitário, que recuperou a imagem de Lula, bastante afetada durante o escândalo do Mensalão, e transformou Dilma numa gerentona competente, apresentou extratos bancários de recebimento de milhões de dólares de dinheiro sujo, e informações preciosas sobre o esquema que motivou a Operação Lava Jato.  O dinheiro sujo também teria sido usado em campanhas de outros países: Panamá, Angola, El Salvador e Venezuela.
 
O chefe
Segundo João Santana e Monica Moura, o ex-ministro Antônio Palocci cuidava do dinheiro sujo, mas grandes quantias só eram liberadas com a autorização do “chefe”, o ex-presidente Lula. Deu ruim para “a alma mais honesta” do Brasil e também para sua sucessora, Dilma Rousseff. Mais do que nunca, salvo um grande milagre ou uma mãozinha no STF, a cadeia parece ser o destino reservado aos dois.

As madeixas da madame
É simplesmente inacreditável, mas o casal 20 afirmou que chegou a pagar R$ 50 mil, do dinheiro sujo, para um cabeleireiro Celso Kamura fazer as madeixas de Dilma no Palácio do Planalto.
 
Boa vida
As delações de João Santana e Mônica Moura envolvem 16 personalidades, algumas já bem enroladas na Lava Jato, como os senadores petistas Lindbergh Farias e Gleisi Hoffmann (a “Amante”, na planilha da Odebrecht), e Marta Suplicy (PMDB).
 
Sobre Marta, um fato inusitado revelado pelo casal: a senadora pediu que seu então marido, o argentino Luis Favre, fosse contratado pela empresa dos publicitários. Assim foi feito: o maridão ganhou R$ 20 mil por mês, durante um ano, sem trabalhar.
 
Todos negam
Todos os acusados na delação juram inocência. Pelo que se pode deduzir, então, João Santana e Monica Moura tiveram um surto, piraram e inventaram histórias contra personalidades ilustres. Os milhões de dólares que apareceram na conta do casal foram doação do Papai Noel. Está fácil. É só convencer os juízes disso. Talvez comecem com “a alma mais honesta” do Brasil, que tem um poder de convencimento inigualável. Boa sorte!

Depoimento de Lula apenas reforçou convicções
Apesar da grande expectativa em torno do “duelo de Titãs”, o depoimento de Lula ao juiz Sérgio Moro foi apenas mais uma fase no processo que investiga o caso do tríplex de Guarujá. Na prática, mudou pouca coisa: Quem acreditava que Lula é culpado agora tem certeza. Quem defende o ex-presidente agora tem mais motivos ainda para crer na sua inocência e está convencido de que ele será vitorioso na eleição presidencial do ano que vem.
 
Formalidade
A impressão que ficou foi de que o juiz Sérgio Moro foi tomar o depoimento já convencido da culpa de Lula e, portanto, apenas seguiu uma mera formalidade processual. Mas, mesmo quem não nutre qualquer simpatia por Lula, avalia que não existem provas definitivas contra ele. Há indícios fortes, suspeitas, contradições… bem diferente da condenação do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB), por exemplo. Além de diversas delações premiadas, foram descobertos gastos incompatíveis com a renda dele e o extrato de uma conta bancária (trust) na Suiça – Cunha  ainda tentou dizer que era apenas o “usufruturário” do dinheiro, mas não colou.
 
A decisão de Moro
Sérgio Moro deve condenar Lula por ter a convicção de que o ex-presidente ganhou o tríplex como propina e ocultou ser o real proprietário do imóvel. Mas há outro aspecto: depois de ser aclamado como o paladino na luta contra a corrupção, “pegaria muito mal” para Moro absolver Lula. Seria o maior caso de decepção coletiva da história deste país.
 
Tapas no STF
O Brasil está esculhambado mesmo. Já se sabe oficialmente que uma grande quadrilha, formada por políticos que se diziam defensores dos trabalhadores, assaltou o país. Mas no STF, a mais alta Corte de Justiça do país, a bagunça é outra: guerra de vaidades.
 
Depois que o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, pediu que o ministro Gilmar Mendes (aquele que adora aparecer na mídia) seja declarado impedido de participar de processos do ex-bilionário Eike Batista (que ele mandou soltar da cadeia), porque sua mulher, Guiomar Mendes, trabalha num escritório de advocacia que defende Eike na esfera civil, o ministro Marco Aurélio, também do STF, bateu no colega com luva de pelica.
 
Aos fatos: Marco Aurélio encaminhou ofício à presidente do STF, Carmen Lucia, declarando-se impedido de participar de votações que envolvem clientes de seus parentes advogados.
 
Velhacos
Gilmar Mendes ficou furioso e sapecou: “os antropólogos, quando forem estudar algumas personalidades da vida pública terão uma grande surpresa: descobrirão que elas nunca foram grande coisa do ponto de vista ético, moral e intelectual e que essas pessoas, ao envelhecerem passaram de velhos a velhacos. Ou seja, envelheceram e envileceram”.
 
Pois é: eis o triste retrato de nossa Suprema Corte.