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Calcule sua inflação pessoal

27/05/2017

O governo (qualquer governo) comemora quando os índices que medem a inflação (IPCA, IPC, IGPM, INPC, IPA…) caem. Seria um sinal de que os preços de produtos e serviços se reduziram. Porém (como diria o dramaturgo Plínio Marcos, sempre tem um porém), estes índices refletem uma média da variação do custo de vida do brasileiro, considerando uma série de itens. A questão é que cada pessoa, ou família, tem características particulares de gasto e o que pesa para reduzir o índice oficial da inflação pode pressionar para cima o gasto pessoal.  Portanto, ao mesmo tempo que existe a inflação dos índices oficiais há também a inflação pessoal.

Para entender esta sopa de número um tanto complexa, é preciso primeiro saber como se calcula um índice oficial de inflação. No Brasil, há vários: Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo IBGE; Indíce Geral de Preços Médio (IGP-M); Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC); Índice de Preços ao Consumidor (IPC), medido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe); Índice Geral de Preços (IGP), medido pela Fundação Getúlio Vargas.

Em comum, as instituições levam em conta as principais despesas do consumidor brasileiro (alimentação, transporte, moradia, energia elétrica, telefone etc). Os técnicos destas entidades calculam o peso de cada um destes itens no custo de vida e extraem um valor médio, com o objetivo de apurar com a maior exatidão possível esta variação.

No entanto, cada família tem as suas particularidades de gasto. Por exemplo: para uma pessoa que possui carro o valor do item transporte é maior se comparado a outra que utiliza transporte coletivo, uma vez que ela precisa custear combustível, tributos, seguro, eventuais gastos com manutenção, estacionamento, multas… É o custo de ela ter mais autonomia, rapidez e conforto nos deslocamentos.

Outros exemplos: uma família que possui idosos invariavelmente terá mais gastos com medicamentos; já um casal sem filhos que gosta de jantar fora, consumidor bebidas importadas, viajar etc terá outro perfil de consumo; quem possui animal de estimação tem despesas específicas. Em resumo, as características de gasto variam de acordo com a necessidade ou preferência de cada um.

Saiba como gastar o seu dinheiro

Calcular a inflação pessoal não é tarefa das mais fáceis. Primeiro, é preciso relacionar todas as suas despesas rotineiras: moradia (aluguel, prestação da casa própria, IPTU, condomínio); supermercado, refeições de fora de casa; transporte (carro particular, táxi ou transporte coletivo); saúde (remédios, plano de saúde); contas de consumo (energia elétrica, gás, telefone, internet, TV por assinatura), lazer (cinema, teatro, shows, balada, barzinho, turismo), beleza (cabeleireiro, manicure, produtos de estética).

O próximo passo é separar por grupos, de acordo com a importância: dos imprescindíveis aos completamente supérfluos. Para que este índice de inflação pessoal faça sentido, é preciso que cada item apareça sempre, mês após mês, não pode ser um gasto eventual. Por exemplo: aquela bela festa de aniversário -é um evento que, apesar de ser um custo significativo, ocorre apenas uma vez por ano.

Em seguida, soma-se todas as despesas do mês. Deste total, verifica-se quanto um determinado item pesa nos custos totais. Por exemplo: em uma família com renda mensal de R$ 5 mil cuja despesa com plano de saúde seja R$ 500, o peso deste item na inflação pessoal é de 10%. Se em determinado mês o custo deste plano de saúde sofrer um reajuste de 20%, a pressão no índice de inflação pessoal será de 2%. 

Deve-se medir a variação do custo de cada tipo de despesa (para cima ou para baixo), levar em conta o peso que ela representa no total de gastos para, assim, chegar à inflação pessoal.

Portanto, se o governo comemora quando os índices de inflação caem, coloque um pé atrás e faça as próprias contas.

Use a tecnologia

Diversas ferramentas virtuais ajudam a pessoa a controlar o seu orçamento doméstico. Desde uma simples planilha do Excel até aplicativos para celular mais sofisticados, que ajudam a separar as despesas por grupos e até mesmo armazenar comprovantes de pagamentos ou dar alertas quando se ultrapassou um limite de gastos pré-estabelecido.  Confira alguns:

Excel- Planilha simples, na qual se relaciona as despesas e respectivos valores.
Idec- O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor disponibiliza em seu site (www.idec.org.br) uma ferramenta com explicações e também que compara os gastos previstos com os efetivamente realizados.
Finance- Permite fotografar e anexar cupons fiscais e comprovantes de pagamentos, para associá-los às despesas anotadas. Também alerta para as datas de vencimento de contas.

Dinheirama- Cria gráficos personalizados para facilitar o monitoramento das finanças.
Moneywise- Permite dividir as despesas por tipo de gasto, como "casa", "lazer" e "férias".
Orçamento pessoal- Divide as despesas entre gastos necessários e extraordinários ou por impulso. Ajuda a mostrar o peso dos gastos não essenciais, facilitando o corte de despesas.