Não é apenas no cenário político que estamos vendo máscaras caírem a torto e a direito. Os sucessivos escândalos também começam a desnudar outros setores, como o chamado “Quarto poder” – e suas relações promíscuas. Surgem fatos que revelam o grau de comprometimento da grande mídia com altas esferas da política, o que obviamente se reflete no conteúdo de seu jornalismo.
Troca – Caíram na internet áudios gravados pela Polícia Federal nos quais o vice-presidente de jornalismo da Record, Douglas Tavolaro, negocia com o senador afastado Aécio Neves, do PSDB, o que seria uma entrevista com o presidente Michel Temer em troca de patrocínio da Caixa Econômica Federal à emissora.
As conversas ocorreram em 19 de abril, e também envolvem o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco.
O site Notícias da TV, do UOL, apurou que Tavolaro foi a Brasília conversar com Aécio Neves para que ele negociasse junto ao governo um investimento de R$ 250 milhões em publicidade na emissora este ano.
A tal entrevista acabou não acontecendo, e ao serem ouvidas, as partes negam a negociação – mesmo com os grampos divulgados.
Coincidência? – Curiosamente, Michel Temer marcou presença em outras redes no mês de abril, sempre com exclusivas. Foram duas no SBT (“SBT Brasil” e “Programa do Ratinho”) e uma na Band, que cancelou a novela “Ezel” dia 15 para exibir a entrevista. Recentemente, aliás, o jornalista Ricardo Boechat leu no “Jornal da Band” um editorial em que a emissora deixou claro seu apoio ao atual presidente e às reformas trabalhista e da Previdência.
Vem mais – E tudo indica que as revelações das “ligações perigosas” entre tubarões da mídia e políticos não vão parar por aí.
Na verdade, assim como a corrupção desenfreada em todas as esferas da sociedade, este modus operandi da mídia não é novidade. A diferença reside no fato de a sujeira estar vindo à tona. Até porque a palavra “bandalheira” está conectada à história deste país há um tempo considerável. Mais precisamente desde quando Cabral aqui atracou…
