Coluna Dois

A polêmica em torno do zagueiro Noguera

10/06/2017

O treinador Dorival Junior foi demitido pelo clube no domingo. Na terça-feira, participou do programa de televisão Bola da Vez, da ESPN Brasil. Reconheceu ali que o empresário Luiz Taveira é o responsável pelo encaminhamento da maioria das contratações de jogadores do Santos na atual gestão. Segundo o treinador, o superintendente do clube cuida mais do “dia a dia”.

O núcleo central desse episódio aconteceu em maio. Justamente com esse empresário. Foi divulgado um áudio em que esse senhor Taveira explica para um diretor do Santos como foi contratado, um ano antes, o zagueiro argentino Noguera.

A história está toda transcrita no blog do jornalista Alexandre Praetzel. Basta digitar “Agente explica como contratou zagueiro para o Santos sem Dorival pedir”.

Essa contratação foi cercada de polêmica desde o início. O treinador Dorival Junior sempre preferiu improvisar o volante Yuri na zaga do que escalar Noguera, que é da posição.

No áudio, o empresário explica que viajou várias vezes à Argentina para contratar um outro zagueiro para o Santos, Óliver Benitez. E que nessas viagens recebia sempre referências elogiosas de garçons, jornaleiros e taxistas sobre o zagueiro Noguera, do Banfield, que acabou sendo contratado.

Depois do vazamento do áudio, Taveira emitiu nota explicativa do episódio. O texto, que também está reproduzido no blog, é desconexo. Mas, além de transparecer arrogância, agride os torcedores do Santos que discordaram desse “critério” utilizado para escolher um reforço para o clube. Fala em “moscas varejeiras e hienas travestidas de santistas”. Cabe lembrar que o empresário atua nesses negócios de maneira profissional.  Recebe comissões do clube por essas contratações.

17 dos jogadores contratados nesses quase dois anos e meio da atual gestão são: Ricardo Oliveira, o goleiro Vanderlei, Matheus Ribeiro, Vecchio, Vladimir Hernandez, Copete, o próprio Noguera, Rodrigão, Kayke, Leandro Donizete, Cleber, Maxi Rolón, Joel, Rafael Longuine, Jean Mota, Yuri e Bruno Henrique.   

Os clubes de futebol, inclusive o Santos, dispõem de um recurso para orientação na escolha de jogadores chamado “scouting”, em que o desempenho do atleta é acompanhado estatisticamente. O scouting não elimina a possibilidade de erros. Mas reduz.

A avaliação desse episódio, como foi escrito no início do texto, cabe aos leitores, especialmente aos torcedores do Santos. Mas posso antecipar, quase que com certeza absoluta, a palavra que adolescentes e universitários vão utilizar nessa avaliação:
“Bizarro”. 

Despontaram
Nas cinco primeiras rodadas do Brasileirão, dois times despontaram. De um lado, o Corinthians de Carille, com ótimo futebol coletivo, defesa sólida e jogadores da base cada vez mais afirmados. Do outro, o Grêmio de Renato Gaúcho, com o melhor futebol do último mês no Brasil e Luan gastando a bola. O falastrão treinador arrumou o vestiário e deu continuidade ao bom trabalho do antecessor Roger. É cedo para afirmar algo, até porque a janela europeia pode atrapalhar, mas o início deixa as torcidas animadas. Com razão.

Dilema
Depois de lotar o Pacaembu em duas oportunidades importantes, a realidade voltou ao Santos: 12.190 pagantes e quase 14.500 mil torcedores no total contra o Botafogo. Apesar de ser um número que abarrotaria a Vila Belmiro, o Peixe quase levou prejuízo. Com todos os gastos, lucrou apenas R$ 12.642. A sensação que fica é que, com a repetição de jogos em São Paulo, o público será desse para pior no Brasileiro, já que o time não empolga. Vale lembrar que esse problema (time fraco, público baixo) não é nenhuma novidade.

Ficou feio
O técnico Antonio Conte pode ter ameaçado a própria popularidade com a torcida do Chelsea. Ele mandou uma mensagem de celular para Diego Costa, adorado pela torcida, dizendo que não conta mais com o atacante para a próxima temporada. Irritado, o centroavante expôs a situação para a imprensa e criou um mal estar no clube. Dificilmente, ele vai permanecer. Milan e Atlético de Madrid estão de olho. O clube londrino deve recontratar o belga Romelu Lukaku, autor de 25 gols no último campeonato pelo Everton.
Ufa!

O Campeonato Brasileiro do ano passado terminou com três artilheiros: Diego Souza, Fred e William Pottker, todos com 14 gols. Foi o pior registro de bolas nas redes desde 1990, quando Charles, do Bahia, marcou míseros 11 gols, em outro formato de disputa. Henrique Dourado, do Fluminense, começou disposto a apagar a marca do ano passado. Já foram 6 gols em apenas cinco rodadas. Quase metade do total marcado por cada um do trio de artilheiros do ano passado.