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Eles não param

17/06/2017

Apesar de o Brasil estar vivendo sua pior crise, financeira e moral, os políticos não param: a preocupação do Congresso é definir uma nova reforma política que vai elevar para, no mínimo, R$ 3 bilhões a verba pública destinada ao financiamento das campanhas eleitorais. Na Câmara dos Deputados já há quem defenda que o valor seja reajustado para R$ 6 bilhões.

Numa democracia representativa não há solução fora do Parlamento, mas os políticos brasileiros, em sua imensa maioria, insistem em legislar olhando para o próprio umbigo e interesses pessoais, deixando de lado soluções para as grandes questões que afetam a vida dos cidadãos.

O resultado dessa insanidade é a crescente desilusão com a classe política e com as instituições fato que, por si só coloca em xeque a própria democracia, e abre a porta para aventureiros.

A história recente do Brasil nos mostra dois exemplos de aventureiros que chegaram à presidência da República. O primeiro deles foi Jânio Quadros, cuja renúncia resultou em 20 anos de ditadura militar: o segundo foi Fernando Collor, o ex-governador de Alagoas, que se dizia caçador de marajás e cujo final todos conhecem.

Seria uma injustiça classificar Lula da Silva como aventureiro. Seu projeto levava esperança para o país, chegou a dar certo por alguns anos, mas acabou desvirtuado pela sede de poder e ambição sem limites. Lula e seus parceiros se apoderaram do Estado e inovaram nas práticas de corrupção, oferecendo ao mundo um espetáculo de horror sem precedentes.

Para afastar Dilma Rousseff, o discurso era o de que Michel Temer poderia recolocar o Brasil nos trilhos, até as eleições de 2018, mas o que se viu é que o sistema de corrupção, como um câncer, havia produzido metástase. A classe política, com raras exceções, está contaminada e nem a ameaça de prisão parece lhe impor barreiras. 

A proposta de mais recursos para a reforma política, nesse momento de crise, só reforça esse sentimento. Tempos sombrios.