Em Off

PSDB se atira na cova com Michel Temer

17/06/2017

Há um ditado em Brasília segundo o qual o político vai ao velório do colega, chora com a viúva, mas jamais, jamais, se atira na cova junto com o falecido. Pois bem, o PSDB, às vésperas de completar 30 anos, parece disposto a ignorar uma lição que tem preservado mandatos ao longo da história.

Ao decidir continuar fazendo parte do atual governo, ignorando o que deseja a maioria de seus eleitores (recente pesquisa revelou que 76% deles desejam que o partido deixe o governo), o PSDB optou por pular com Michel Temer na cova rasa.

Michel Temer é um zumbi no Palácio do Planalto. É o presidente mais impopular da história recente da República – conseguiu a façanha de superar a então insuperável Dilma Rousseff -, e a cada dia surgem novas e pesadas denúncias contra ele.

Nos próximos dias Michel Temer será acusado de três crimes pela Procuradoria Geral da República: corrupção passiva, organização criminosa e obstrução de justiça. Uma quarta acusação, lavagem de dinheiro, pode estar a caminho. 

Genro de ouro
Durante a semana, o presidente também foi acusado de usar dinheiro de terceiros para reformas da casa da sogra (parece piada) e também da casa da filha. Os amigos podem dizer que Temer pelo menos é um bom pai, e, que maravilha, um genro de ouro!

Não é só Temer quem está sob investigação – algo inédito na República. Vários de seus amigos e ministros ou estão presos ou na iminência de. A delação da JBS e a prisão do assessor Rocha Loures  (o homem da mala com R$ 500 mil) desencadearam uma onda de denúncias contra o presidente que só Deus sabe quando vai terminar.

É neste cenário sombrio, inquietante, que o PSDB resolveu deixar tudo como está para ver como é que fica. Entre permanecer em um governo desmoralizado ou ficar ao lado de seus eleitores, o PSDB preferiu a primeira opção. O preço a pagar vai ser alto e a conta está logo ali, em 2018, quando serão realizadas as eleições para presidente, governadores e deputados.

Um pouco de história
Um pouco de história não faz mal. O PSDB nasceu de uma dissidência do PMDB. Seus fundadores alegavam questões éticas, não aceitavam a conduta de Orestes Quércia. Bem, pelo que se vê hoje, Quércia seria julgado num tribunal de pequenas causas, enquanto Temer vai para instâncias superiores do Judiciário. 
O jurista Miguel Reale Júnior foi o primeiro tucano de alta plumagem a deixar o partido por não aceitar a permanência num governo que se desmoraliza a cada dia. Ao sair, relembrou a história do PSDB e cobrou coerência.

É verdade que as reformas propostas por Temer, com algumas mudanças, são fundamentais para o Brasil. O partido poderia apoiá-las fora do governo. Mas os tucanos decidiram se atirar na cova com o morto-vivo que habita o Palácio do Planalto.  O PT agradece.
 

Aécio & Lula
O que o senador afastado Aécio Neves e o ex-presidente Lula têm em comum? Tem que os dois podem ir para a cadeia por crimes de corrupção, ente outros.

O pedido de prisão de Aécio, solicitado pela Procuradoria Geral da República, será julgado nesta terça-feira (20) pelo STF (Supremo Tribunal Federal); já a eventual prisão de Lula deve demorar um pouco mais. Só acontece se ele for condenado pelo juiz Sérgio Moro e se a sentença for confirmada em segunda instância. Coisa para um ano.