Definitivamente, a expressão “fundo do poço” não pode ser aplicada quando falamos da programação na tevê aberta. Quando pensamos que já vimos de tudo em termos de baixeza, sempre aparece algo para provar que é possível ir além. Falo de “A Casa”, novo reality show da Record, apresentado pelo Marcos Mion.
Trata-se de um “Big Brother radical”. Cem pessoas enfurnadas em uma residência com 120 metros quadrados e apenas dois banheiros.
Após três meses, o prêmio ao vencedor será o que restar do R$ 1 milhão inicial, pois as despesas da casa durante todo o período vão sendo abatidas deste valor. Esse item do regulamento cria desavenças entre os participantes, pois é preciso administrar a grana — o que gera um controle excessivo nos gastos com alimentação, água e produtos de limpeza.
Para curtir um troço desse é necessário uma boa dose de sadismo por parte do telespectador. Dei uma conferida semana passada (o programa vai ao ar terça e quinta, 22h30), e se tivesse de escolher uma palavra para definir aquilo que vi, seria “degradante”.
Ah, vale ressaltar que “A Casa” não é um “privilégio” nosso. Trata-se de outra criação vinda da Holanda, a “pátria dos reality shows”, onde a primeira temporada foi exibida ano passado. Como se vê, a televisão pode funcionar como um elemento que, independente da procedência, nivela os humanos. Por baixo…
Plágio – Em tempo: se eu fosse o Sérgio Mallandro, processaria a produtora holandesa Freemantle por plágio. Em 2002, ele satirizou o “Big Brother” com a “Casa dos Desesperados”, na TV Gazeta. Mallandro trancafiou dez pessoas em um minúsculo apartamento. O prêmio? R$ 1.000 e uma cesta básica!
Santo – Nos 40 anos da Igreja Universal, nada mais óbvio que o jornalismo da Records ser novamente usado como um instrumento de propaganda da seita criada por Edir Macedo. Foi o que aconteceu no “Domingo Espetacular”. Uma longa reportagem mostrou a volta de Macedo ao coreto onde ele fez sua primeira pregação, numa praça do Méier, Rio de Janeiro. Também deram destaque ao filme sobre a vida do bispo, que vem sendo rodado com ares de superprodução. Só faltou canonizarem o chefe ainda em vida.
