Digital Jazz

Os joviais 59 anos da Bossa Nova

15/07/2017

Em 10 de julho de 1958, na cidade do Rio de Janeiro, mais precisamente nos estúdios da gravadora Odeon, localizado na Cinelândia, o genial violonista e cantor João Gilberto revolucionou a Música Popular Brasileira.
Neste dia, ele gravou o seu primeiro 78 rotações, acompanhado pela Orquestra liderada por Antonio Carlos Jobim, cantando, com seu violão, “Chega de Saudade”, no lado A, e “Bim Bom”, no lado B. 

Como muito bem fundamentou meu querido amigo Carlos Alberto Afonso, dono da Toca do Vinicius, localizada no bairro de Ipanema, “está aí o primeiro documento fonográfico com o quadro estético da Bossa Nova, em gravação de seu próprio formulador, João Gilberto, acompanhado de seu coarquiteto Tom Jobim, materializado pela canção”.

O disco foi lançado em agosto de 1958 e, sem dúvida alguma, esta gravação de “Chega de Saudade”, deu origem ao que chamamos de Bossa Nova, hoje de caráter universal, portanto patrimônio cultural da humanidade.

É bom destacar, também, que o mesmo samba de Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes já havia sido gravado alguns meses antes, no também importante LP “Canção do Amor Demais”, da cantora Elizete Cardoso.

Naquele disco, as músicas “Chega de Saudade” e “Outra Vez”, contaram com a mágica levada no violão de João Gilberto e ali já pudemos constatar o que ele era capaz de fazer.

No ano seguinte, em 1959, João Gilberto lançou finalmente seu primeiro LP como líder e o nome não poderia ser outro, “Chega de Saudade”. Depois disso, a música brasileira nunca mais foi a mesma.

O cenário e a ambientação para tanta inspiração não poderiam ser mais perfeitos: a incrível década de 50, a belíssima orla da praia da zona sul da cidade do Rio de Janeiro, o incrível “Beco das Garrafas”, os diversos bares localizados na zona sul, sempre oferecendo uma excelente música ao vivo, os seus hotéis, sua boêmia, sua gente, seus músicos e artistas. 

E neste momento de questionamentos dos valores morais e éticos, de uma intensa crise política e social que estamos passando na atualidade, a Bossa Nova é a prova de que o Brasil pode dar certo.

Na verdade, ela deu muito certo e levou o nome do nosso país para todas as partes do planeta e por incrível que pareça, apesar da pouca repercussão da mídia, continua, até os dias de hoje, sendo admirada, reverenciada, cultuada e recriada.

A Bossa Nova está completando 59 anos. É nossa, genuinamente brasileira, digna de um orgulho enorme. Pode ser definida, simplesmente, como forma de execução do samba e sua batida característica é atemporal, imortal, capaz de preencher nossas almas e corações, de uma infinita alegria.

Parabéns Bossa Nova, sempre nova até no nome. E principalmente na sua essência, que se renova a cada dia.

Celebramos a Bossa Nova em 10 de julho de 2017 !!! E os seus joviais 59 anos !!!

Antonio Adolfo – “Hybrido – From Rio To Wayne Shorter”

O pianista, compositor, arranjador e produtor carioca Antonio Adolfo continua em plena forma e atividade, com mais de 50 anos de carreira musical de absoluto sucesso.

Desta vez, apresenta um CD tributo em homenagem ao saxofonista e compositor do jazz americano Wayne Shorter, lançado recentemente pelo selo independente AAM Music para o mercado americano e, por aqui, distribuído pela Rob Digital.

O nome do disco foi inspirado na mistura cultural, de estilos musicais e raças, que são os grandes motores do seu trabalho, conforme me explicou Antonio Adolfo. 

Ele trabalhou intensamente por 6 meses neste projeto, escolhendo com calma e critério, os 9 temas que mais se aproximavam do seu estilo e universo musical. 

O pianista é fã do trabalho do saxofonista americano desde que começou a sua carreira profissional e sempre admirou a relação que o músico teve com a música brasileira.

O CD desde o lançamento, ocupa o topo das paradas no mercado americano, comprovando a qualidade e aceitação do novo trabalho. Acolhida muito positiva da crítica especializada e do público.

Ao seu lado estiveram Lula Galvão na guitarra, Jorge Helder no contrabaixo acústico, Rafael Barata na bateria, André Siqueira na percussão, Jessé Sadoc no trompete, Marcelo Martins no sax tenor, soprano e flauta, Serginho Trombone no trombone e os convidados especiais Zé Renato nos vocais e Claudio Spiewak no violão.

Antonio Adolfo tem na sua obra musical mais de 200 músicas compostas, algumas já gravadas pelos principais artistas brasileiros e internacionais.

Sempre esteve à frente do seu tempo, quebrando paradigmas, sendo um dos artistas pioneiros aqui no Brasil da produção independente, rompendo corajosamente, há mais de 40 anos, com o monopólio voraz das grandes gravadoras.

Os temas “Footsprints”, “Beauty And The Beast”, “Prince Of Darkness”, “Speak No Evil”, “E.S.P.”, todas composições de Wayne Shorter e “Afosamba”, de Antonio Adolfo, são os meus destaques.  

Bela e merecida homenagem a lenda viva Wayne Shorter, que tocou ao lado de Miles Davis e foi um dos criadores do Weather Report, grupo icônico de jazz fusion dos anos 70. 

Mais um trabalho jazzístico com a típica levada instrumental brasileira de alto nível, deste talentoso e premiado artista brasileiro, que divide seu tempo entre o Brasil e os Estados Unidos.

Indiana Nomma – “Lessons In Love”


Filha de brasileiros nascida em Honduras e criada entre México, Nicarágua, Portugal, Alemanha e Brasil, a incrível cantora Indiana Nomma apresenta seu mais novo trabalho, lançado recentemente pelo selo carioca Fina Flor.

Com mais de 20 anos de carreira e vinda do canto erudito, coleciona apresentações no mítico Carnegie Hall em NYC, abertura de shows de artistas como Gloria Gaynor e Billy Paul. 

Radicada na cidade do Rio de Janeiro desde 2010, onde é reconhecida como uma das grandes intérpretes do “brazilian jazz”, também vem se apresentando com sucesso em turnês internacionais frequentes na Alemanha, Itália e França.

Em 2015, lançou seus dois primeiros CDs, sendo o primeiro produzido por ela, o homônimo “Indiana Nomma”, com músicas inéditas. Já o segundo CD “Unexpected” foi produzido em parceria com o pianista Osmar Milito e concorreu, em 2016, ao 26º Prêmio da Música Brasileira na categoria “Melhor Álbum de Língua Estrangeira”, ficando entre os 3 finalistas.

Neste mais recente CD, emprestam seus talentos e sonoridades em 11 faixas, o polivalente e musical Raymundo Bittencourt na produção, arranjos, violão, bateria, percussão e teclados, Thiago Trajano na guitarra, Natan Gomes nos teclados, Diógenes de Souza no contrabaixo, Fábio Luna na flauta, José Arimatéa no trompete e flugelhorn, Bebeto Germano no trombone e Rafael Barata na bateria. Um time de músicos de primeira linha.

A cantora inclusive já veio a Santos em 3 oportunidades para shows no Teatro do Sesc Santos, homenageando Mercedes Sosa e no Teatro Guarany, encerrando em dois anos seguidos o Rio Santos Jazz Fest, todas com absoluto sucesso.

Para mim, uma das melhores cantoras em atividade no momento. Sua voz forte e grave aliadas a uma interpretação sentida e passional, são suas marcas registradas.

Um CD especial que fala de amor numa levada “bossa longe”, com inspiradas releituras de clássicos dos Beatles, Neil Young, Stevie Wonder, Bob Dylan entre outros.