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A democracia avacalhada

05/08/2017

Em um país civilizado, governante suspeito de receber propina é obrigado a renunciar ou sofre processo de impeachment. No Japão, a realidade ainda é mais dura, haja vista que o político flagrado recebendo suborno não raro pratica suicídio, tamanha a vergonha que o ato de roubar cidadãos o expõe.

Pois é, mas estamos no Brasil onde autoridade assaltar os cofres públicos parece ser mera questão de rotina. O episódio envolvendo Michel Temer é inédito no país – afinal é o primeiro presidente denunciado por corrupção no exercício do cargo -, mas a prática da bandidagem faz parte do cotidiano da Capital da República.

Na quarta-feira a maioria dos deputados federais decidiu que Temer não deve ser investigado enquanto estiver ocupando o Palácio do Planalto, apesar das inúmeras evidencias de corrupção e da mala com R$ 500 mil que seu homem de confiança recebeu numa pizzaria. 

Aliás, melhor local para se pagar e receber propina não existe, já que neste país a tradição tem sido a de se terminar tudo em pizza, quando o assunto envolve altas autoridades.

Convenhamos, não é de hoje que a decência vem sendo esquartejada no Brasil. O que Temer fez, comprar deputados com emendas e cargos, tem sido prática comum ao longo dos anos no Brasil em todos os governos, federal, estadual e municipal. 

Esse processo de promiscuidade é tratado como “natural” na República e atinge outros poderes. Ministros do STF agem como parlamentares, juízes ganham dois meses de férias por ano, auxílio moradia, auxílio disso e daquilo e por aí vai…

O fato é que atitudes pouco republicanas e privilégios acontecem nos três poderes da República e são reflexo de uma sociedade que ao longo do tempo abandonou os valores éticos e morais que devem nortear uma grande Nação.

Temos, enfim, uma democracia avacalhada e um país que virou chacota no mundo.