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Deboche

19/08/2017

“Tô nem aí”, afirmou o juiz de Sinop, no Mato Grosso, Mirko Vincenzo Giannotte, ao receber um cheque de R$ 503,9 mil, quantia que se referia a salário e vantagens. “Eu estou dentro da lei e estava recebendo menos. Eu cumpro a lei e quero que cumpram comigo”. O magistrado disse ainda que tem a receber mais R$ 750 mil e quando o pagamento for efetivado, ele mesmo vai colocar no Facebook.

Não foi apenas o juiz Mirko que recebeu a quantia elevada. Dezenas de outros colegas também foram premiados, mas o que choca é a falta de sensibilidade de uma autoridade diante da verdadeira tragédia que vive o país. 

“Tô nem aí”, revela o profundo desprezo do juiz com o sofrimento de milhões de cidadãos que pagam seu salário e vantagens que só existem no Brasil. O corregedor do Conselho Nacional de Justiça, ministro João Otávio de Noronha, pediu providências para suspender o pagamento de quantias elevadas efetuado aos juízes de Mato Grosso, mas o episódio revela o grau de degradação moral de uma Nação chamada Brasil.

É bem provável que não exista nada de ilegal no pagamento, mas é inegável que nossas elites dividem o país entre cidadãos de primeira e de segunda classe. Essa desigualdade produziu milhões de desempregados e destrói as finanças públicas. Os impostos, por mais elevados que sejam, jamais serão suficientes para bancar as mordomias e privilégios existentes nos três poderes da República.

O caos já está instalado – é só aferir como andam a saúde, a educação e a segurança pública no país. Em breve a tragédia do Estado do Rio de Janeiro se estenderá para os demais estados da Nação. É apenas uma questão de tempo.

“Quero mudar o Brasil, não me mudar do Brasil”, afirmou a presidente do STF, Cármen Lúcia. A ministra diz sonhar com um Brasil no qual a solidariedade, a fraternidade e as liberdades sejam devidamente respeitadas.

Belas palavras, mas Cármen Lúcia bem que poderia começar a mudança convencendo seus colegas de corte a entender o sofrimento do povo brasileiro e a por fim a impunidade dos grandes ladrões da República, protegidos pelo indecente “foro privilegiado”.