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Conflito de interesse em saúde

09/09/2017

Os profissionais de saúde do mundo todo têm discutido o quanto o desenvolvimento em medicamentos e práticas de saúde podem ou não estar envolvidas em conflitos de interesse. Esse é um conceito relativamente novo que tem mobilizado intensas discussões. Na terceira semana de setembro de 2017 haverá um encontro mundial na Alemanha, com representante brasileiro, um farmacêutico do Conselho Federal de Farmácia. 

O encontro promovido por uma associação de médicos alemães autodenominados “incorruptíveis” tem o interessante nome “Global ‘No Free Lunch’ Conference”, ressaltando a impossibilidade de se ter “almoço de graça”. Reafirma-se assim a ideia de a indústria farmacêutica investe muito em desenvolvimento de novos fármacos, mas ganha muito com isso. Supõe-se assim, que só se desenvolve medicamentos que tenham interesse comercial, que garantam o retorno financeiro adequado.

Por outro lado, alguns estudos também demonstram que as indústrias farmacêuticas, de fato, são mais eficazes em apresentar novos fármacos, porém constatou-se que próximo de 90% dos estudos apresentavam conflito de interesse, que pode se apresentar de diversas formas, desde a pesquisa até na divulgação dos produtos farmacêuticos. Há de se considerar, também, que a expectativa de vida tem aumentado no mundo e, em parte, é devido os novos medicamentos e procedimentos desenvolvidos pelos laboratórios.

A grande maioria das pesquisas farmacêuticas fazem estudos comparativos com placebo, que é uma exigência ética. Mas, não se faz estudos comparativos com outros medicamentos presentes no mercado. Esses estudos poderiam indicar vantagens ou não em relação ao que já está disponível, normalmente mais barato do que os lançamentos.

Outro aspecto também a ser discutido é a integridade dos pesquisadores. É sabido que os medicamentos, uma vez lançados, permitiram ganho financeiro importante para eles, sejam pela patente, seja pelo próprio prestígio profissional. Para quem gosta de filmes antigos, O Fugitivo de 1993, com Harrison Ford, aborda essa questão. Em outra obra mais recente, de 2005, O Jardineiro Infiel apresenta ações escusas da indústria farmacêutica na África.

Contra esse estado de coisa, muitas associações profissionais têm levantado a bandeira de defesa da ética na pesquisa, desenvolvimento e uso de medicamentos. Como contrapartida aos interesses meramente financeiros, a ciência desenvolveu o conceito de terapêutica baseado em evidências científicas que é um sistema de julgamento que permite analisar o quanto de verdadeiro e coerente existe nas novas propostas terapêuticas. A população precisa, de sua parte, não ser ingênua em acreditar em soluções definitivas paras as doenças. A ciência é progressiva e muito conhecimento é gerado a cada momento.

Se ainda tiver dúvidas, encaminhe sua dúvida para o Centro de Informações sobre Medicamentos (CIM) do curso de Farmácia da Unisantos. O contato pode ser pelo e-mail [email protected] ou por carta endereçada ao CIM, avenida Conselheiro Nébias, 300, 11015-002.