TV em Transe

Lennon não merecia isso

21/09/2017

Uma das características do Rock in Rio ao longo de sua história tem sido proporcionar momentos de vergonha alheia por conta de escalações infelizes, tributos que não funcionam ou covers medonhos. Nesta última categoria se encaixa a abertura da edição atual, com Gisele Bundchen e Ivete Sangalo assassinando “Imagine”, de John Lennon.

Não, caro leitor, não se trata de preconceito musical. A questão é usar um clássico completamente fora de seu contexto.

Tudo começou com um discurso ambientalista/pacifista de Gisele Bundchen. Ok, tudo bem ensaiadinho, incluindo uma deixa para que Ivete adentrasse ao palco cantando… Mas por que “Imagine”?

A canção de Lennon NÃO é um hino pacifista. É um manifesto anárquico, uma crítica ao mundo que criamos. O ex-Beatle imagina uma realidade utópica: viveríamos em uma sociedade sem religião, portanto paraíso ou inferno; sem posses, ganância e ostentação; sem países e fronteiras.

Será que Ivete e Gisele sabem disso? Ignorância ou cinismo? De qualquer forma, subverteram a mensagem e destruíram a música, reduzida a um chororô simplista intragável.   

Se queriam usar a obra de John Lennon pra falar de paz, que cantassem então “Give peace a chance”. Mas não teria o mesmo apelo né? 

 

Não deu – Começou a nona temporada de “A Fazenda”, na Record. Desta vez optaram por reunir participantes que já estiveram em outros reality shows (e no próprio programa). Daí o subtítulo “Nova Chance”. 

Desculpem, mas ainda não tive estômago pra assistir.  Quem sabe até dezembro, quando a bagaça termina, eu consiga… 

 

Sem noção – Falando em vergonha alheia, semana passada destaquei a cobertura exagerada dos furacões nos Estados Unidos com repórteres se arriscando para enfrentar a força dos ventos e tempestades. Mas nada se compara com a falta de noção da correspondente Sandra Coutinho, da Globo. 

A jornalista publicou uma selfie na qual aparece sorridente ante a chegada do furacão, com o título "Começou #irma". Putz!

Quem se importa com a rastro de destruição e as vidas em risco, né mesmo?