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Predileto de Alckmin, D´Ávila defende reinvenção do estado

23/09/2017

Nome preferido do governador Geraldo Alckmin para ser o candidato do PSDB para sucedê-lo, o cientista político Luiz Felipe D´Ávila está percorrendo o estado para se viabilizar. A pretexto de lançar seu livro “10 Mandamentos – do país que somos para o Brasil que queremos”, ele esteve na terça-feira (26) em Santos, onde manteve contato com lideranças políticas locais, participou de programas de rádios e TV e visitou redações de jornais.

Fundador e presidente do Centro de Liderança Pública, uma organização sem fins lucrativos dedicada à formação de lideranças públicas, D´Ávila foi filiado ao PSDB entre 1993 e 2010 e retornou à legenda agora, com o intuito de disputar a sucessão de Alckmin.

Em entrevista ao Jornal da Orla, ele propõe a retomada de bandeiras históricas do PSDB; a reformulação do estado brasileiro; e o combate ao populismo, ao corporativismo e ao comportamento predador das elites, tanto do setor privado quanto público. Confira os principais trechos da conversa:

 

Resgate de bandeiras
Os partidos terão que se reinventar depois da Lava Jato. O PSDB tem uma virtude, que é a sinceridade de discutir abertamente. Precisamos resgatar bandeiras, da ética, da boa gestão pública, dos princípios.  Acho fundamental primeiro discutir o resgate de valores e princípios, para depois discutir propostas. O PSDB é o único partido que está fazendo isso, o PT continua na negação de tudo o que aconteceu. 

 

Reformulação do estado
O estado brasileiro é reflexo da crença no populismo, clientelismo, corporativismo e no estado patrimonialista. A pessoa quer que o vereador arrume a vida dele, arrume um emprego. Por isso que acho importante este momento, para rever valores. A gente só questiona quando está em um estado de desconforto, e a crise gerou isso. O Estado já não consegue mais responder às demandas da sociedade, parece que só vive para sua autossutentação. Ele não serve à sociedade, se serve dela. Ficou demasiadamente inchado. Todo mundo quer tirar o máximo dele. O economista Marcos Lisboa costuma dizer que o Brasil é o país da meia-entrada.

Elites predadoras
Hoje, temos uma elite que é rentista do estado, que faz um discurso liberal, mas fica defendendo desonerações fiscais, incentivos e medidas protecionistas para defender o próprio setor. Boa parte da crise do Brasil é devida a este comportamento predador da elite, em arrancar benefícios do estado para si, sem pensar no país. Tem a elite do setor público e do privado. Ambas pensam apenas em tirar renda do estado. Vou combater duramente isso. Essa elite tem que retomar a sua responsabilidade no setor público pensando no país, num projeto de nação, e não ficar pensando em seus interesses pequenos. 

 

Fim de privilégios
Precisamos sair da situação de estado assistencialista para a de prestador de serviços. Tem que pensar no cidadão como consumidor final. Não interessa quanto está sendo gasto em educação, mas sim se o aluno está aprendendo em sala de aula. Hoje, 48% dos jovens estão abandonando a escola antes do término do ensino médio, e isso faz com que o Brasil não tenha mão de obra qualificada para nossos jovens serem empregados na sociedade do conhecimento, onde 2/3 são empresas de tecnologia e inovação.

 

Estado exportador
Estou muito focado na retomada do crescimento de São Paulo. O Brasil precisa desta abertura para o mundo. Venho fazendo um trabalho com todos os prefeitos do estado, fazendo um mapa de exportação de seus produtos, a vocação econômica de cada cidade. Ela tem que investir no que é boa,  isso que vai aumentar a renda do trabalhador, do município e do estado. Hoje, só focamos no corte de despesa. É fundamental para o equilíbrio fiscal, mas sem aumentar receita não vamos sair do buraco.

 

Dória X Alckmin
Cada um (Dória e Alckmin) aposta em uma narrativa que vai acontecer em 2018. A do João Dória acredita que o Brasil vai entrar num espírito de polarização, de quanto mais anti-petista ele for, melhor, vai atrair o eleitor de centro-direita. A aposta por trás desta história é a de que a situação vai continuar degenerando. A narrativa do Geraldo Alckmin é outra: retomada da economia, volta do emprego e do investimento. Isso vai mudar o humor do eleitor e ele vai querer a volta da normalidade e da confiança. Alckmin representa isso.

 

Disputas internas
Defendo as prévias, são uma oportunidade para apresentação de propostas de estado. Eu acho importante que o partido tenha alternativas e escolha em qual narrativa ele vai apostar. Os outros partidos não têm alternativas. Eu discordo do João quando ele diz que o partido tem que escolher o candidato baseado em pesquisa. Ele tem que ser escolhido por seus militantes. A opinião pública é na hora do voto.

 

Governo do Estado
Minha candidatura representa o que eu defendo há muito tempo, que é o combate sem trégua ao populismo, ao corporativismo, ao estado patrimonialista. São os cânceres do Brasil, que vêm devorando o país. Publiquei meu primeiro livro em 1990 e já defendia estas reformas. Se os militantes do PSDB não se convencerem que é a melhor alternativa, eu não vou me moldar. Não vou desistir em nome de acomodação. A minha vocação é propagar as ideias que eu acredito, não é estar na política por estar.