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Resveratrol, vinho e cia.

30/09/2017

Nos anos de 1990, o mundo científico encontrou uma possível explicação para o “paradoxo francês”, qual seja o de comer muita gordura animal, porém com pouco comprometimento cardiovascular. Como é sabido, os franceses têm o hábito cultural de beber vinho, que é rico em resveratrol, principalmente o tinto. O resveratrol também é encontrado em vários vegetais como no ruibarbo, em frutas como amora e similares, no amendoim, e em algumas plantas venenosas como Veratrum album, além de plantas exóticas como Fallopia japônica.

Desde então, a substância passou a ser estudada, apresentando resultados promissores. Porém, a maioria dos estudos ainda está sendo estudada em modelos animais, o que não é suficiente. Muitas “promessas” da ciência, que mostraram efeitos significativos nos animais, não foram confirmados em seres humanos. Os efeitos produzidos em animais reproduzem-se nos seres humanos apenas na ordem de 70%. E quando começam efetivamente os estudos com asubstância em seres humanos, apenas uma taxa menor de 1% das substâncias pesquisadas tornar-se-ão efetivamente medicamentos.

O resveratrol apresenta atividades diversas ações potenciais interessantes. Estima-se que tenha efeitos benéficos em doenças metabólicas, como o diabetes e a obesidade, doenças cardiovasculares, câncer e doenças neurodegenerativas. Mas ainda não estão sendo pesquisados em seres humanos. Por exemplo, no controle do câncer, poderá ser usado como um medicamento adjuvante, potencializando o efeito dos antineoplásicos clássicos.

Além da dificuldade em extrapolar a eficácia do modelo animal para o uso de humanos, ainda não se sabe fatores importantes como a dosagem eficaz e efeitos tóxicos, além da segurança em se usar essa substância, quais riscos o seu uso poderá apresentar.

Mas os estudos avançam. É sabido que o resveratrol tem baixa biodisponibilidade, ou seja, pequena parcela do que é administrado chega efetivamente no sangue e, portanto, capaz de realizar o seu efeito. Mas uma vez administrado, alguns tecidos têm dosagens aumentadas dos produtos. Uma possível explicação para essa contradição é o fato de que os produtos metabolizados do resveratrol sejam efetivamente os responsáveis pelo efeito terapêutico. Essas dúvidas e incertezas é que trazem suspeitas sobre se devemos ou não utilizá-lo como medicamento preventivo.

Se ainda tiver dúvidas, encaminhe sua dúvida para o Centro de Informações sobre Medicamentos (CIM) do curso de Farmácia da Unisantos. O contato pode ser pelo e-mail [email protected] ou por carta endereçada ao CIM, avenida Conselheiro Nébias, 300, 11015-002.