Simpatizantes do monarquismo brasileiro invadiram o site do Jornal da Orla, na tarde de quinta-feira (12), retiraram parte do material jornalístico e, no lugar, publicaram um texto (leia abaixo). O caso foi comunicado à polícia, que iniciou as investigações. Os IPs dos invasores já foram identificados. O site foi restabelecido horas após o ataque.
A razão do ataque de monarquistas foi o descontentamento com uma matéria publicada na edição de sábado (7/10), sobre uma declaração do príncipe D. Bertrand de Orleans e Bragança. Em visita a Santos, o príncipe declarou: “A monarquia foi o único regime que deu certo. A corrupção é fruto da República”. Exercendo seu direito de liberdade de expressão e imprensa, o jornal publicou um texto crítico, lembrando fatos narrados em livros de historiadores, de que a corrupção fazia parte da rotina daquela época.
A matéria foi compartilhada no Facebook e recebeu diversos comentários ofensivos. Os autores já foram identificados e serão processados pelo crime de injúria. Tanto a invasão ao site quanto os comentários foram devidamente documentados (print screen).
Liberdade de expressão
Especialista em crimes cibernéticos, o advogado Rafael Vita afirma que o episódio é grave e representa um ataque não só ao Jornal da Orla, mas à liberdade de expressão e jornalística. “O fato de discordar de uma publicação não dá a ninguém o direito de invadir um site. É a mais pura expressão de totalitarismo”, declara.
Segundo ele, os criminosos virtuais se amparam na falsa impressão de anonimato e impunidade. “Hoje, com as novas tecnologias de rastreamento, é muito fácil e rápido chegar aos autores”, explica.
Vita acrescenta que muita gente pensa, equivocadamente, que a internet é uma “terra de ninguém”. "As pessoas estão sujeitas ao Código Penal que, recentemente, foi atualizado neste aspecto com a chamada Lei Caroline Dieckman”.
Rafael Vita avalia que no texto publicado pelo Jornal da Orla não há qualquer ofensa pessoal a D. Bertrand. “A matéria critica a declaração e cita obras de historiadores renomados que estudaram o assunto”, declara. “Não aceitar posições diferentes é perigoso para um regime democrático”, finaliza.
Príncipe
O Jornal da Orla entrou em contato com a Casa Imperial do Brasil, na sexta-feira (13), para saber a posição do príncipe D. Bertrand sobre o episódio, mas ninguém atendeu o telefone nem respondeu o e-mail encaminhado.
Confira a reprodução do ataque ao site do Jornal da Orla
