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Os medicamentos para epilepsia e a gravidez

14/10/2017

A epilepsia é uma doença crônica decorrente de uma alteração no funcionamento dos neurônios cerebrais, podendo ser de um grupo específico de células ou de forma generalizada. Em função dessas alterações, acontecem fenômenos súbitos e transitórios que podem modificar a atividade motora, sensitiva, dos órgãos viscerais ou da psiquê.

Estima-se que números próximos a 1% da população brasileira apresentam epilepsia, tendo tido, ao menos, uma crise nos últimos dois anos. E que 3% da população em geral terá, ao menos, uma crise epilética durante a vida. Em relação às mulheres que apresentam epilepsia, um quarto delas está em idade fértil e em torno de 0,3% das mulheres grávidas são portadoras da doença. Como doença crônica, o tratamento contínuo se faz necessário e se questiona o quanto que os medicamentos poderão ou não comprometer o bebê.

Como a epilepsia se apresenta com quadros sintomáticos diversificados, o comprometimento do bebê devido à doença também pode ser variado. Além disso, cada síndrome epilética demanda medicamentos diferentes, o que poderá comprometer diversamente a criança. Dada a importância, a Agência Europeia de Medicamentos está revendo as ações de orientações dadas às mulheres em idade fértil usuárias de valproato. 

O valproato é sabidamente teratogênico, provocando malformações nos fetos. Presume-se que as mulheres que façam uso desse medicamento saibam dos riscos ao que estão expostas durante a gravidez. Idealmente, a mulher usando valproato não deve engravidar. O uso dos demais medicamentos não tem a segurança comprovada, mas não há evidências de que possam comprovar os riscos ao desenvolvimento do feto.

Mas outros problemas precisam ser considerados, como nas situações que se necessite de mais de um medicamento. Filhos de mães em regime politerapêutico apresentam maior risco de malformações e atraso no desenvolvimento neuro-psico-motor. 

Após o parto, a mãe sob controle medicamentoso contra a epilepsia deve ser estimulada a amamentar, mesmo que os medicamentos sejam excretados no leite materno. Isso se justifica, uma vez que a quantidade no leite aparece em quantidade inferior à transferida pela placenta durante a gravidez. Para evitar maiores problemas, diminuindo a quantidade de medicamento no leite, a mãe deve amamentar antes da tomada do medicamento. Com tudo isso, as mulheres em período fértil, na condição de epilepsia, devem programar a sua vida sexual e a gravidez tem de ser bem planejada, juntamente com o médico responsável pelo controle de sua doença.

Se ainda tiver dúvidas, encaminhe sua dúvida para o Centro de Informações sobre Medicamentos (CIM) do curso de Farmácia da Unisantos. O contato pode ser pelo e-mail [email protected] ou por carta endereçada ao CIM, avenida Conselheiro Nébias, 300, 11015-002.