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Tempo de entrar em ações

21/10/2017

Para a grande maioria dos brasileiros, investir no mercado de ações é arriscado e exige grandes somas de dinheiro. Mas esta ideia não corresponde à realidade, garante o sócio-diretor da Escola de Investidores de Santos, Giancarllo Chiaratti. "As pessoas acham que Bolsa de Valores é como apostar em um cassino, mas não é", afirma.

Com o objetivo de desmistificar o assunto, orientar possíveis investidores e apresentar as várias possibilidades rentáveis (e seguras), acontece no próximo sábado (28), no Clube de Regatas Saldanha da Gama, o Invest Day Santos, evento que terá palestras com uma série de especialistas no segmento. 

Entre os temas abordados estão investimentos em mercados internacionais, previdência social e previdência privada, operações estruturadas e Bolsa de Valores. O público-alvo é principalmente pessoas de 35 a 50 anos interessadas nas melhores opções para investir seus rendimentos.

Entre os convidados, estão o estrategista-chefe da casa de análises financeiras Eleven Financial Research, Adeodato Netto; Vinícius Rocha Langoni, da gestora de recursos de terceiros americana Western Asset; Luiz Carlos Alves de Oliveira, da consultoria imobiliária Bra Strategy USA; João Simões, da área de produtos estruturados da XP Investimentos; Alison Correa, analista da XP Investimentos; Aliakyn de Sá, analista da XP investimentos, Danilo Zanini, analista da XP Investimentos, e Thiago Salomão, editor da Infomoney.

Além das palestras, o encontro ainda contará com uma mesa redonda para discutir o tema Bolsa de Valores, com cinco especialistas de áreas diferentes. E, também, exposição com estandes de 14 empresas. "Será uma forma de aproximarmos os participantes destas casas de gestão independentes e bancos de investimento", explica Chiaratti.

O Invest Day também promoverá um Campeonato de Traders, uma simulação do mercado de dólar futuro, onde 25 investidores poderão colocar seus conhecimentos em prática. Ganha quem conseguir fazer mais dinheiro com o simulador. Mais informações sobre o evento no site

 

Investimento como hábito
Chiaratti explica que o brasileiro ainda não tem o hábito de investir no mercado de ações, por medo de perder as economias ou meramente por desconhecer as opções, vantagens e garantias que este tipo de aplicação oferece. Segundo ele, a regra ainda é a procura por alternativas mais tradicionais como a caderneta de poupança, fundos de renda fixa ou até mesmo o chamado Tesouro Direto. 

 

Aposta na empresa

De modo simplificado, a diferença entre fazer uma aplicação financeira em um banco e investir no mercado de ações é o direcionamento dos recursos. No primeiro, o cliente oferece seu dinheiro ao banco para que ele o empreste a outros clientes, ou ao governo, mediante cobrança de juros. Ele devolve ao cliente, a título de rendimento, uma parcela destes juros, mais o desconto de taxas administrativas e de inflação. 

Já no segundo, o cliente aposta no sucesso de determinada empresa e torna-se "sócio", adquirindo "fatias" dela -as ações. Com o aumento de seu capital, esta empresa pode investir em modernização de equipamentos, ampliação de instalações, treinamento de profissionais e outras medidas que vão aumentar a sua produtividade. Em consequência, a empresa cresce e o valor daquela "fatia" aumenta. 

 

Vantagens e desvantagens
Apesar de o investimento ser mais seguro, por na maioria das vezes já determinar exatamente qual será o ganho, a sua rentabilidade é menor -quem realmente ganha mais é a instituição financeira. Por outro lado, o investimento na Bolsa de Valores exige mais paciência e o valor das ações pode variar, dependendo da conjuntura econômica. 

Chiaratti explica que o investidor precisa saber qual o seu perfil, para apenas depois definir onde seus recursos será aplicado: conservador, moderado ou agressivo. "E ser agressivo não significa necessariamente que o investidor está disposto a cometer loucuras, mas sim que ele está disposto a correr alguns riscos". Ele acrescenta que o estabelecimento deste perfil, realizado com o auxílio de um profissional, é fundamental pois, muitas vezes a pessoa acredita ser conservadora quando na verdade tem um perfil um pouco mais arrojado.
 

Diversas opções
Segundo Chiaratti, atualmente existem diversas opções de investimento no mercado de ações, muitas que remuneram mais do que a renda fixa. Ele cita a possibilidade de se fazer investimentos internacionais em fundos brasileiros. "Você pode aplicar em qualquer lugar do mundo, com proteção contra o câmbio e pagando os impostos apenas no Brasil. De renda fixa chinesa à Bolsa de Valores mexicana", diz. Outra alternativa é o Certificado de Operação Estruturada (COE), uma forma de aplicação em Bolsa de Valores, com proteção do capital inicial. "Você faz a aplicação, em uma série de ativos. Se eles oscilarem abaixo da zona de entrada você recebe seu capital de volta, sem qualquer tipo de perda. É uma zona de proteção", garante. 

Chiaratti cita como boa oportunidade ações de empresas de previdência privada. "Se a reforma previdenciária acontecer, vão ser beneficiadas, porque os brasileiros não vão mais confiar na Previdência oficial, vão se aposentar muito longe, as previdências privadas vão começar a ganhar destaque. Os produtos deles vão ser mais procurados".

 

Questão cultural faz brasileiro engatinhar

Em comparação a outros países, o Brasil ainda está engatinhando no mercado de ações. No Japão, por exemplo, investir na Bolsa de Valores é uma rotina para a grande maioria da população. "Temos culturas muito distintas. No Japão, a pessoa se planeja, guarda e depois compra o que está precisando. No Brasil, a pessoa compra parcelado, pagando juros altíssimos e, muitas vezes, o produto que deseja, mas não o que quer", explica. "Quando quer uma geladeira nova, o japonês passa seis meses guardando dinheiro e compra. Já o brasileiro compra na hora, parcelado em de vezes e paga duas geladeiras".

Ele explica que também é preciso fazer a diferença entre necessidade e desejo. "Certa vez, eu atendi um cliente que tinha uma pick-up gigantesca, que ainda estava pagando as parcelas, sendo que não tinha sítio e nunca tinha carregado carga na caçamba. Em resumo, ele não precisava de um carro daquele tamanho, mais caro e com um IPVA maior", exemplifica. "Todo mundo precisa de uma geladeira, mas não precisa ser uma de aço escovado e com torneira e máquina de gelo na porta", completa. Além disso, o brasileiro tem a cultura de comprar produtos que depreciam muito rápido. "Ele ainda está pagando a TV e ela vale a metade do que pagou".

Segundo ele, o brasileiro não tem a cultura de formar patrimônio com o salário, isto é, guardar uma parte do ganho mensal. "Eles só acham que vão ter capital se ganharem uma herança, uma bonificação de emprego, em resumo, um dinheiro excepcional. E não a cultura do controle orçamentário doméstico, a maior parte das pessoas gasta tudo o que ganha. Se sobra alguma coisa no fim do mês, gasta".