Coluna Dois

Trapalhadas em série no Peixe

28/10/2017

Um dos principais, a acusação oficial do clube, depois não-provada, em agosto, ao repórter Eric Faria, da Rede Globo. Teria havido interferência externa do jornalista na arbitragem de Leandro Vuaden no jogo em que o Peixe foi eliminado da Copa do Brasil pelo Flamengo, na Vila Belmiro. Modesto Roma foi punido pelo STJD com suspensão e multa. 

A semana passada acrescentou três itens a esse acervo:
1)  Omelete com bacon
2)  "Desdemissão" do treinador Levir Culpi
3)  Anúncio da nova fornecedora de uniformes.

A trinca de trapalhadas, na mesma semana, justificava até o direito de pedir música no Fantástico, da Rede Globo, de Eric Faria…

A utilização da fábula da galinha e do porco como estratégia de motivação é atribuída a um treinador de futebol dos Estados Unidos, Mike Leach. Simboliza a diferença entre o simples envolvimento e o comprometimento completo de um atleta ou trabalhador com o desempenho da equipe ou da empresa. Já foi usada antes pelo treinador Mano Menezes.

Citada por Modesto Roma: “Aqui no Santos, todo mundo é porco e ninguém é galinha no omelete de bacon”, a história fica confusa por dois motivos: 

-No Brasil não existe o hábito do café da manhã com bacon e ovos, como na Inglaterra e nos Estados Unidos.

 -Porco é como são conhecidos os torcedores de um dos principais rivais do Peixe, o Palmeiras. 
A palavra “desdemissão” não existe. Mas foi bastante usada a partir da segunda trapalhada da semana passada. Até na Alemanha repercutiu como chacota o "fico" do treinador.

A direção do Santos atribuiu a confusão à precipitação dos jornalistas. Fala de Modesto Roma, na sexta-feira de manhã: “Sofremos muita pressão (no jogo da véspera, 1 x 1 contra o Sport, em Recife) e nosso time não é para sofrer. Algo tem que ser mudado”. Havia uma reunião marcada com o treinador à tarde. Nesse clima. O assessor de imprensa de Levir postou a demissão. Os jogadores fizeram pressão pela permanência dele. 
Levir ficou, com direito a uma cena patética que circula nas redes sociais: o presidente, filmado entre o grupo de jogadores e os jornalistas, pergunta ao treinador, à distância, se ele fica, e, depois da resposta, responde afirmativamente à imprensa.

O autor do livro “Vila Belmiro, 100 Anos, 100 Jogos”, Felipe Noronha, definiu assim o imbróglio: “Levir Culpi é demitido e o torcedor comemora. O elenco manda ele voltar e o torcedor chora”.

Para completar a trinca de trapalhadas, a troca da fornecedora de uniformes. Em outubro de 2015, o contrato com a Kappa foi anunciado por Roma como “um novo modelo de gestão de material esportivo”. “Nenhum outro clube tem esse modelo. Somos parceiros de nós mesmos”. 

Menos de dois anos de vigência do contrato e a “revolução” está cancelada. Fracasso?

A explicação do presidente do Santos é para lá de confusa: “O contrato (com a Umbro) é mais interessante, embora seja um pouco menos lucrativo que material próprio (como era com a Kappa)”. Como assim? Menos lucrativo ainda? Em 2016, o modelo com a Kappa rendeu apenas R$ 3 milhões ao Santos. O clube, com a Nike, tinha um repasse mínimo anual de R$ 5 milhões. O contrato da Umbro com o Grêmio é de R$ 17 milhões/ano. Com o Vasco, R$ 14,5 milhões. Com o Santos…

 

Quem diria
“Anote o que eu estou falando. O Corinthians vai despencar”, disse Renato Gaúcho, no meio de julho. A previsão do técnico do Grêmio estava certa. Mesmo ainda líder e favorito ao título brasileiro, o Corinthians despencou. Fez apenas 12 pontos no segundo turno, a 16a campanha entre os 20 times. A vantagem caiu para seis pontos e o Brasileirão ganhou emoção. A tabela não é das mais fáceis para o alvinegro: Ponte Preta (f), Palmeiras (c), Atlético/PR (f), Avaí (c), Flu (c), Flamengo (f), Atlético/MG (c) e Sport (f).

 
Amassou
Para os santistas e também palmeirenses, deve ter sido um pouco frustrante assistir ao show do Grêmio contra o Barcelona, no Equador. Sem covardia, com grande atuação de Luan e intenso apoio dos laterais Cortez e Edílson, o time gaúcho não tomou conhecimento e fez 3 a 0, colocando um pé e meio na final da Libertadores. O Grêmio tem chance concreta de levar o tricampeonato.

 
Deixaram chegar

Depois de um início tímido, Gabriel Medina acordou na segunda metade da World Surf League. O jovem fenômeno ganhou as últimas duas etapas do circuito. O triunfo mais recente foi nesta semana em Peniche, Portugal. Com esses resultados, o surfista brasileiro entrou de cabeça na briga pelo ranking. Resta apenas a etapa de Pipeline para definir o novo campeão mundial. Medina precisa ser campeão e torcer para o líder John John Florence, no “quintal de casa”, não chegar na final. Promete!