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Saiba se você é um acumulador compulsivo

03/11/2017

Guardar objetos que têm valor sentimental, gostar e ter animais de estimação ou fazer coleções de itens diversos são tidos como comportamentos normais, o problema é quando a situação ganha característica de acumulação compulsiva, o que pode evidenciar um transtorno psiquiátrico: o Transtorno da Acumulação (TA).

"O que diferencia o Transtorno da Acumulação de uma pessoa mais apegada aos bens materiais ou animais, por exemplo, é a gravidade do comportamento que pode levar a problemas com autoridades sanitárias, sofrimento psíquico, incapacidade para trabalhar e isolamento social", explica a psicóloga Carolina Marques, da Estar Saúde Mental.

Segundo ela, a necessidade de coletar intencionalmente objetos ou animais e a dificuldade de se desfazer das posses, juntamente com problemas para organizar o ambiente em que mora, são as principais características do TA. A doença pode levar seu portador a conviver com lixo, animais mortos, sujeira, odores insuportáveis e uma infinidade de objetos sem utilidade que acabam colocando a vida em risco e deixando a casa inabitável.   

 

Origem pode estar na infância
Carolina Marques comenta que a origem do acúmulo pode estar na violência física, doença mental dos pais e privação afetiva na infância, assim como na privação material em algum momento da vida. Mas, a manifestação é mais aparente na meia idade e segue um padrão: costuma afetar pessoas que moram sozinhas, não trabalham e estão acima do peso. Além disso, o TA é duas vezes mais frequente em homens que em mulheres.

 

Tipos de acumuladores
Carolina explica que a acumulação tem diferentes perfis. "Os acumuladores que têm o chamado consumismo compulsivo costumam comprar enormes quantidades de um mesmo item, pegar doações e coletar objetos na rua. O prazer está no acúmulo e não no aproveitamento do objeto", comenta.

“Já os acumuladores de animais são aqueles que coletam animais abandonados de forma compulsiva. São dúzias ou centenas de animais que acabam tendo um tratamento inadequado e vivem em condições insalubres. Este tipo é mais comum em mulheres de meia idade, solteiras e que vivem sozinhas”, diz a psicóloga.

Por fim, o acumulador colecionador é o que menos preocupa. A diferença entre um colecionador saudável e um acumulador patológico é que o primeiro escolhe um item especifico (camisetas, carrinhos etc.) e o segundo coleciona qualquer objeto e apresenta dificuldades para organizar o ambiente em que vive.

Desapego é sinônimo de sofrimento
De acordo com a psicóloga, as pessoas que têm o Transtorno da Acumulação apresentam enorme dificuldade de se livrar de seus pertences. "Elas não reconhecem como um problema, pelo contrário, criam uma conexão emocional que leva a desenvolver crenças disfuncionais sobre o descarte, assim como pensamentos catastróficos, do tipo "como vou viver sem isso, não terei dinheiro para comprar outro etc.", exemplifica.

 

Psicoterapia
Carolina Marques reconhece que o tratamento é muito difícil, pois os acumuladores são muito resistentes, não percebem o problema, não têm motivação  para tomar decisões. "Ao notar qualquer sinal que possa indicar a acumulação patológica, é importante que a família busque ajuda", reforça. 

Ela explica que a Terapia Comportamental Cognitiva é a abordagem mais aplicada atualmente para o TA, pois ela trabalha para quebrar as crenças disfuncionais sobre o acúmulo, além de ajudar na tomada de decisão e a desenvolver estratégias para diminuir a frequência dos hábitos de coleta. "Como os acumuladores têm pensamentos distorcidos ou até mesmo catastróficos para se livrar de suas coisas, a psicoterapia ajuda a diminuir o sofrimento associado ao descarte", orienta.