TV em Transe

Futebol “paz e amor”

09/11/2017

O clássico Corinthians X Palmeiras rendeu à Rede Globo a maior audiência do futebol aos domingos dos últimos 12 anos – e bateu o recorde desde que foi adotado o sistema de pontos corridos na disputa do Campeonato Brasileiro. Foram 41 pontos de média no ibope e 46 de pico.

A partida correspondeu à expectativa criada: emocionante até o fim, com cinco gols marcados. Mas houve quem quisesse mais: Cléber Machado.

Se o Galvão Bueno às vezes recebe críticas por conta de seus exageros, Machado segue na direção oposta: é um reclamão.

Domingo, durante o segundo tempo, acusou várias vezes uma “queda de qualidade” em relação à etapa inicial, quando saíram quatro gols. Acontece que o jogo ficou mais “amarrado”, algo absolutamente normal em qualquer partida com ares de decisão. Mas Cléber não se contentou. Ele queria o que? Oito gols?

Outro aspecto do qual o narrador se queixa há tempos é relativo ao comportamento dos jogadores. OK, exageros ocorrem, mas o locutor reclama tanto que ficou chato e repetitivo. Se os atletas questionam a arbitragem, Cléber os critica. Se batem boca entre si, idem. Duelos faltosos também não são tolerados. Imagino ele narrando um campeonato como o Argentino, por exemplo, onde o bicho pega bem mais – basta ver a imagem acima, que rendeu um cartão vermelho no Boca Juniors X River Plate também disputado domingo passado, transmitido pelo Fox Sports. Também foi um jogaço, diga-se.

Cléber Machado parece ignorar o fato de o futebol ser um esporte de contato e muitas vezes, com nervos à flor da pele, o aspecto emocional dentro das quatro linhas fica alterado. Como se o ideal fosse reunir 11 santos de cada lado para uma disputa plena de amor e fair-play. Putz, acho que nem se fizerem um torneio entre conventos isso rolaria…

 

Obrigado, mestre – Peço licença para um agradecimento ao grande jornalista Carlos Mauri Alexandrino, que nos deixou esta semana. Agradecer pelas aulas de jornalismo durante nosso convívio no Jornal da Orla, pelas horas agradáveis recheadas de histórias nos bares da vida. Pessoas especiais são aquelas cuja convivência faz com que você se torne um ser humano melhor. E Mauri era assim.