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O que é verdadeiramente amar

11/11/2017

O quarto estava pouco iluminado. O filho, silenciosamente, abriu a porta e contemplou o pai.
Ele dormia profundamente. O filho se aproximou, sentando-se num pedacinho desocupado da cama. Deixou que os dedos corressem soltos pelos cabelos do idoso, já cobertos pela neve do tempo.
Grossas lágrimas lhe correram pelo rosto. Aquele homem que ele tanto admirava, outror

a tão forte, estava ali, acamado, doente, com as forças abandonando-o aos poucos.

O filho lembrou de sua infância. Quantas vezes o pai o carregara ao colo. Quantas vezes haviam brincado juntos.

Na adolescência, os sábios conselhos paternos. Na vida adulta, os esclarecimentos, as recomendações, os cuidados com o neto.

Agora a respiração difícil, o semblante cansado, os gemidos entrecortados. Não lhe restavam muitos dias neste plano, bem sabia o filho.

Três semanas se passaram. Numa noite, o pai adormeceu e não despertou na manhã seguinte.

O filho, ainda que em luto, sentia-se grato. Os últimos dias haviam sido agradáveis para ambos. Tinham conversado, dado boas risadas, recordado o passado. Ele guardava no coração a certeza de que o pai havia partido em paz.

Algum tempo depois, ao organizar os pertences do pai, encontrou um diário. Nele, estavam registrados, ao longo de décadas, os acontecimentos mais importantes da vida do filho.
Os primeiros passos, a primeira palavra, o primeiro dia na escola, a formatura na universidade, as conquistas profissionais, a mudança de cidade, o casamento.

Quando o filho chegou à página na qual o pai escrevera sobre o nascimento do neto, as palavras calaram fundo em seu coração, pois era uma mensagem para ele:

“Meu filho, hoje você se torna pai e eu me torno avô. Quanta alegria! Desde que você nasceu, tenho me esforçado para ser digno da responsabilidade que o Grande Arquiteto do Universo me outorgou.
Você é a maior alegria dos meus dias. E tenho muito orgulho do homem honrado que você se tornou. Agora você também é pai e, portanto, capaz de compreender o meu amor, a minha alegria, as minhas preocupações.

Lembre-se: um filho é a extensão de nosso coração. Esteja ele onde estiver, nós estaremos lá também. Nos pensamentos, na comemoração das conquistas, no amargor das derrotas, em cada uma das aflições.

A idade me chega. Logo minha memória não será mais a mesma. Por isso escrevo. Desejo lembrar-me da exata felicidade que encontrei nos seus olhos, quando os fitei pela primeira vez.
Através deles, descobri o verdadeiro sentido do amor: amor é doação.

Fite hoje você também o olhar de seu filho. Descubra, filho meu, o que é verdadeiramente amar!”

[com base na Redação do Momento Espírita]

Naquele mesmo diário antigo, com as páginas desgastadas e amareladas, o filho abriu uma nova página. Com as mãos trêmulas e com os olhos vertendo abundantes lágrimas, começou a narrar a história de seu próprio filho…

Amor é doação. Amor é sacrifício, perdão, fé, esperança. Amor é exemplo.

Amor é a única condição para que registremos, no diário de nossas consciências, dias plenos de aprendizados, realizações e conquistas.

O convite para escrever se apresenta a cada um. Tomemos do papel da boa vontade e do lápis do esforço.

O Grande Arquiteto do Universo a todos nos fornece as linhas, mas o escrever é de nossa responsabilidade.
Sejamos os redatores de nossa própria felicidade.

PAZ, SAÚDE E PROSPERIDADE