O jornalista Fernando Gabeira, que já foi deputado federal, escreve que no Brasil as leis são feitas pelos criminosos. Bem, talvez essa seja uma explicação para o fato de o país não estar dando certo. O Rio de Janeiro é o maior exemplo do nível de degradação moral a que estamos submetidos. Políticos corruptos continuam mandando no Estado e nem a prisão do ex-governador – que promoveu saques ao erário – serviu de freio para a bandalheira.
Diante do silêncio das ruas, os poderosos vão avançando e algumas atitudes soam como deboche. Durante a semana, por exemplo, o Tribunal de Justiça do Estado realizou o pagamento do chamado “auxílio- peru” para juízes e servidores do poder judiciário. O benefício é pago desde 2007 e, se em circunstâncias normais já seria estranho, na atual crise chega a ser ofensivo aos 221,6 mil servidores públicos do Rio que ainda não receberam o salário de setembro.
Vivemos em um país que divide seus cidadãos em categorias. Uma casta de privilegiados tem todos os benefícios, enquanto os demais apenas pagam a conta. O mais cruel é que no caso específico do “auxílio-peru”, a ação parte do Poder Judiciário, justamente o poder que deveria garantir a Constituição, a mesma Constituição que diz que todos os brasileiros são iguais.
O Brasil se transformou numa república de cínicos. O presidente da República, que chegou ao posto por incompetência de sua antecessora, é acusado de praticar crimes graves, como corrupção e formação de quadrilha, e se mantém no cargo com o apoio de parlamentares, comprados com verbas públicas, muitos dos quais também enrolados com a Justiça.
Pois é esse presidente que agora fala em fazer uma reforma da Previdência para acabar com “privilégios”. Tudo certo, não fosse o fato de que o senhor Michel Temer se aposentou aos 55 anos, como promotor em São Paulo, e recebe pensão de R$ 45 mil por mês. Parte é descontada, por ultrapassar o teto do Estado, mas Temer diz que privilégios são inaceitáveis. Pode?
É esse tipo de gente que governa o país e tem o apoio da maioria do Congresso e do STF. Se o povo não sair às ruas, como em 2013, os políticos corruptos vão continuar saqueando o país até uma explosão social. Anotem: essa turma não tem o menor compromisso com o Brasil. O objetivo é apenas se locupletar.
E o silêncio das ruas é a garantia de impunidade. Até quando?
