Coluna Dois

Melancólico final de temporada no Santos

18/11/2017

A três semanas da eleição do Santos, a gestão de Modesto Roma, que tenta um segundo mandato contra três outras chapas, vê se instalar no clube um clima de final de feira.

A equipe se esfacela duplamente. De um lado, jogadores até pouco tempo importantes, como Zeca e Lucas Lima, se indispõem com a torcida e ficam sem ambiente no clube. De outro, derrotas dentro da Vila Belmiro contra equipes modestas como Barcelona de Guayaquil e Vasco afastam o Peixe da luta pelos objetivos mais importantes do ano, a Libertadores e o Brasileiro. A equipe, em campo, parece não ter alma. E a direção simplesmente não soube lidar com essa questão. 

A falta de sintonia entre torcida e time quebrou neste ano até a mística de “alçapão” que gerações e gerações de jogadores e torcedores criaram e mantiveram. Com sete derrotas na Vila em 2017 (São Paulo, Ferroviária, Palmeiras, Cruzeiro, Sport, Barcelona de Guayaquil e Vasco), o Santos se aproxima dos piores desempenhos da sua história centenária no estádio: 1940, 1952 e 1986, com nove derrotas em cada uma dessas temporadas.

Uma coleção de equívocos e trapalhadas contribuiu decisivamente para esse melancólico final de temporada e de gestão:

• Contratações fracassadas: Kayke, Rodrigão, Vladimir Hernandez, Mateus Ribeiro, Cleber, Leandro Donizete. A única exceção que se firmou no time titular é Bruno Henrique. Todos os outros foram superados por jogadores formados no clube, na disputa por espaço no time: Daniel Guedes, Alison, Lucas Veríssimo, Artur Gomes… Um episódio tragicômico foi o vazamento de um áudio em que o empresário Luiz Taveira revela que contratou o zagueiro argentino Noguera baseado em recomendações de garçons e taxistas de Buenos Aires. 

• Medidas administrativas mal planejadas. As mudanças na estrutura anterior, bem-sucedida, das divisões de base, se traduzem no surpreendente e inédito fracasso do sub-20 nesta temporada. A tentativa de “revolucionar” o fornecimento de uniformes, rompendo o contrato anterior, com a Nike, naufragou menos de dois anos depois num mar de prejuízos e insatisfações.

• Trapalhadas que comprometeram seriamente a credibilidade do clube e se transformaram em motivo de chacota para outras torcidas, como a acusação sem provas ao repórter Eric Faria, da Rede Globo, de interferência na arbitragem do jogo contra o Flamengo, na Vila, pela Copa do Brasil e a “desdemissão” de Levir Culpi, que deu ao treinador uma “sobrevida” de alguns dias no cargo.

 

"Lava Jato" no futebol
O empresário argentino Alejandro Burzaco prestou, em Nova York, no processo em que é julgado o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, depoimento devastador para o réu, para o também ex, Ricardo Teixeira, para o atual presidente, Marco Polo Del Nero e para a Rede Globo de Televisão. Jorrou propina. Burzaco tem acordo de delação premiada com a justiça dos Estados Unidos e um advogado argentino citado por ele se suicidou em Buenos Aires no mesmo dia.

 

Camisa não ganha jogo
Uma gigante do futebol mundial, a Itália, ficou de fora do Mundial da Rússia, eliminada na repescagem pela modesta Suécia. Muito choro marcou a eliminação e o goleiro Buffon, com uma carreira lendária do futebol mundial, anunciou a aposentadoria.