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B.B. King – o eterno Rei do Blues

18/11/2017

No ano de 2015, o Blues e a música perderam um de seus nomes mais importantes. O gigante Riley Ben King, ou simplesmente, B.B. King, considerado o Rei do Blues e um dos guitarristas mais importantes de todos os tempos, nos deixava aos 89 anos, na cidade de Las Vegas, enquanto dormia.

Descansou em plena paz, aquele que teve propositalmente nas iniciais do nome, as letras B.B., de Blues Boy. E que também cantava e compunha com absoluto talento.

Sua carreira vitoriosa durou mais de 60 anos, que resultaram na venda de milhões de discos em todo o mundo, mais de 50 álbuns primorosos, mais de uma dezena de prêmios Grammy e condecorações no Hall da Fama da Blues Foundation e do Rock And Roll.

Sua vida foi marcada por intensas e marcantes turnês, que o levaram a conquistar as plateias de mais de 100 países, por onde se apresentou, sempre com alegria, talento e animação.

Curiosamente, desde a década de 50, tocava com a sua inseparável guitarra Gibson, chamada carinhosamente de “Lucille”, sua marca registrada.

Diz a lenda que isso aconteceu em razão de um incêndio, ocasionado por uma briga entre dois homens, que aconteceu em um salão onde ele se apresentava. Como foi necessária a evacuação do local de forma rápida, B.B. King deixou sua guitarra no palco. Desesperado, ele voltou ao local para reaver sua guitarra e escapou por um milagre. No dia seguinte, ele soube que os homens que brigaram e que derrubaram um barril cheio de querosene, que era usado para aquecer o salão, por causa de uma mulher chamada Lucille. E, por esta razão, todas as suas guitarras receberam este nome carinhoso dali por diante.

Lembro com emoção de alguns de seus clássicos gravados, como “The Thrill Is Gone”, “Every Day I Have The Blues”, “When Love Comes To Town”, “You Don't Know Me”, “Three O' Clock Blues”, “Please Love Me”, entre tantas outras inesquecíveis.

Outra curiosidade é que B. B. King foi um músico autodidata e nunca teve uma aula de música sequer com professores convencionais. Coisas que só os gênios conseguem realizar e ele era um destes seres humanos especiais.

Veio ao Brasil em várias oportunidades e a última vez que esteve por aqui, foi no ano de 2012, se apresentando em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba.

Tinha também uma ligação afetiva muito forte com a casa de shows paulistana, Bourbon Street Music Club, que considero como a mais importante do Brasil.

B. B. King inaugurou, duas décadas atrás a casa de shows, especializada no Jazz e Blues, realizando o grande sonho de seus proprietários, que tiveram a coragem e a ousadia de apresentar uma proposta para ele. E que foi aceita prontamente. E, depois disso, foram várias apresentações na casa. Por esta razão, a sua guitarra Lucille está exposta na entrada da casa, como um verdadeiro troféu e talismã.

O genial B.B. King, pode ser considerado como o verdadeiro e único rei do Blues. Sua música e imagem eternamente alegres, estarão sempre conosco.

Maucha Adnet & Helio Alves – “Milagre”

O duo de piano e voz é sempre muito especial. Gosto demais deste formato, pois quase sempre demonstra uma intensa afinidade musical entre o pianista e a cantora. E, neste CD, não poderia ter sido diferente, mostrando a mais pura cumplicidade entre estes “brazucas”, que estão radicados nos Estados Unidos já faz algum tempo.

Ela, carioca da gema e, ele paulistano, se reuniram num estúdio em Nova York, no ano de 2013, para gravar 14 belas faixas, pelo selo Zoho Records. Tocaram juntos pela primeira vez, no ano de 1993, criando desde o início, uma relação de amizade, cumplicidade e admiração.

No repertório, composições consagradas de Dori Caymmi, Gilberto Gil, Tom Jobim, Caetano Veloso, Hermeto Pascoal, Mario Adnet, Toninho Horta, Moacir Santos entre outros.

A cantora Maucha Adnet está nos Estados Unidos desde o ano de 1987, se fixando em Nova York. Sua carreira profissional começou aos 15 anos de idade, no incrível grupo vocal “Céu da Boca”, e também figurou com destaque por 10 anos, como vocalista, na “Banda Nova” de Antonio Carlos Jobim.  Depois disso, partiu para carreira solo, com apresentações e gravações com vários artistas de renome do Jazz e da Bossa Nova.
Neste trabalho, sua voz está muito bem encaixada. Destaque para o seu timbre vocal, que é muito bonito, envolvente e com uma interpretação, marcante e passional.

Já o pianista Helio Alves está nos Estados Unidos, desde os 18 anos de idade e estudou na renomada Berkelee College Of Music e está radicado em Nova York, desde o ano de 1993.

Sua técnica é muito apurada e teve na sua formação musical, a música clássica e o Jazz. Ouvia, desde pequeno, os discos de Oscar Peterson e Dave Brubeck. E cita também como influências, os geniais Chick Corea, McCoy Tyner, Keith JarretT e Bill Evans. Em vários anos de carreira no exterior, coleciona importantes lançamentos como líder e participações especiais em inúmeros trabalhos ao lado de artistas importantes do Jazz.

Não deixe de ouvir, “O Cantador”, “Waters Of March”, “Coração Vagabundo”, “Caminhos Cruzados”, “Desafinada”, “Canto Triste”, “April Child” e a faixa título “Milagre”. Um CD que considero delicioso, intimista e que nos emociona a cada faixa escutada. 

Maucha Adnet – “The Jobim Songbook”


No ano de 2006, para o selo Kind Of Blue Records, a cantora Maucha Adnet nos presenteou com um CD primoroso com 13 músicas, homenageando Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, nosso maestro soberano, com quem ela conviveu muito de perto por 10 anos e por ele nutria um carinho todo especial.

Maucha teve participações muito especiais, ao lado de Jobim, nos álbuns, “Passarim” e “Tom Jobim – Inédito” – 1987, “Antonio Carlos Jobim & Gal Costa – Rio Revisted” – 1989 e “Antonio Brasileiro” – 1994.

Além de participar de várias turnês de absoluto sucesso pelo Brasil, Estados Unidos, Japão e Europa, com a incrível “Banda Nova”.

Sem contar também suas apresentações nos melhores e mais importantes teatros e casas de shows do planeta, como o Carnegie Hall, Avery Fisher Hall, Blue Note e Birdland.

Ao seu lado estiveram, neste registro, Mario Adnet e Romero Lubambo no violão, Helio Alves e Alfredo Cardim no piano, Jay Ashby no trombone, Randy Brecker e Claudio Roditi no flugelhorn, Duduka da Fonseca na bateria, Joe Lovano no saxofone e Nilson Matta no contrabaixo.

Os temas clássicos e eternos, “Vivo Sonhando”, “Ela é Carioca”, “Chega de Saudade”, “Samba do Avião”, “Desafinado”, “Corcovado” e “Garota de Ipanema”, receberam versões muito especiais e inspiradas.

A cantora Maucha Adnet é outra prova de que o talento brasileiro está mais valorizado lá fora do aqui no Brasil.

Já está na hora de mudarmos este cenário, dando valor e o merecido reconhecimento a estes talentosos artistas, que fazem muito sucesso no exterior.

Defendo que santo de casa pode e deve fazer milagre por aqui. Só depende de cada um de nós, para reverter este quadro.

A cantora Maucha Adnet é um raro talento brasileiro, que leva para todas as partes do planeta a, verdadeira música brasileira.