Coluna Dois

No Santos, muita revelação antes da eleição

02/12/2017

A reta final da campanha eleitoral do Santos revela alguns movimentos que merecem ser analisados. Na formação das chapas que concorrem ao Conselho, no debate entre os candidatos promovido pela TV Santa Cecília e nas sérias denúncias publicadas em meios de comunicação de alcance nacional, dá para perceber claramente:

1. Envolvimento muito significativo de políticos da região com a campanha de reeleição de Roma.

2. A estratégia de quem quer obter – ou manter – um cargo no clube, geralmente com salário bem acima do mercado regional.

3. As deficiências da cobertura jornalística do Santos pelos meios de comunicação de alcance regional.

Os deputados Paulo Correa e Caio França estão na chapa que apoia a reeleição de Roma. Bozzella Junior, que quase se elegeu com eles em 2014, também. O posicionamento de funcionários comissionados da Prefeitura de Santos também sugere um acordo velado de apoio. Isso porque todos faziam parte de outras chapas, que não a de Roma, na eleição de 2014 e debandaram alegremente em bloco para o novo barco. Parece haver um acordo político amplo aí, em torno de alguma obra conveniente para todos os envolvidos e em reciprocidades na eleição do ano que vem. 

Dá para imaginar que estejam todos preocupados, agora, com as sérias denúncias de irregularidades da gestão Roma, todas com origem em meios de comunicação de São Paulo. Tem denúncia para todos os gostos: desde pedalada fiscal para anunciar superávit contábil maquiado neste ano até explosão artificial de associações suspeitas (2008 novos sócios aptos a votar admitidos entre 16 de novembro e 9 de dezembro do ano passado). As duas foram publicadas pela ESPN. O comentarista Marco Antonio Villa, na Rádio Jovem Pan, comparou duramente o presidente do Santos, Modesto Roma, com o famigerado  Eurico Miranda, do Vasco.

No debate, o candidato José Carlos Peres se destemperou quando perguntado sobre os cargos remunerados para os quais foi nomeado nas três últimas administrações do clube: Marcelo Teixeira, Laor-Odílio e Modesto Roma. Ele se apresenta como oposição. Mas até abril era gerente de marketing internacional da gestão atual, de Roma.

O próprio Roma, além de ter sido funcionário remunerado na gestão de Teixeira, prestou depoimento como testemunha do advogado Mário Mello em processo trabalhista contra o Santos.   

Nada disso foi publicado na cobertura jornalística do Santos na Baixada Santista. Com exceção deste Jornal da Orla, tudo passou batido pelos outros meios de comunicação.

E olha que a coleção de bizarrices da gestão de Roma sempre justificou manchetes:
1. Acusação oficial na CBF, sem provas, de interferência do repórter Eric Faria, da Rede Globo, na arbitragem do jogo contra o Flamengo, na Vila Belmiro, pela Copa do Brasil.

2. Vazamento de um áudio em que o empresário Luiz Taveira revela que contratou o zagueiro argentino Noguera com base em indicações de taxistas e garçons.

3. Contrato “revolucionário” para fornecimento de uniformes com a empresa Kappa, que não durou nem dois anos.

4. Ação contra o maior ídolo recente do clube, Neymar, pedindo a suspensão por seis meses do atleta, rejeitada sumariamente pela Fifa.

5. Demissão e “desdemissão” do treinador Levir Culpi. 

6. “Esquecimento” do presidente Modesto Roma de formalizar um acordo que teria feito “de boca” com o próprio Robinho em janeiro de R$ 2015. Um reajuste, corrigido por ocasião do acordo entre clube e atleta, em setembro deste ano, de quase R$ 1 milhão e meio (R$ 1.416 883), esquecido !!!
Ufa !!!