Coluna Dois

Novo presidente do Santos começa com o pé direito

23/12/2017

Depois de um processo eleitoral turbulento, o Santos mudou de direção. Saiu Modesto Roma, entrou José Carlos Peres. Nesta semana, a eleição para a Mesa do Conselho Deliberativo também teve polêmicas e contestações. Marcelo Teixeira conquistou a presidência do CD com apenas dois votos de vantagem. Outra eleição importante, e provavelmente também disputada voto a voto, vai acontecer na primeira reunião do Conselho em 2018: a do Conselho Fiscal.   

O clube parece ter saído oxigenado do processo eleitoral. O grupo político de Roma mostrou muita dificuldade para lidar com o estatuto do clube, reformado em 2011, moderno, talvez o mais avançado entre os grandes clubes do país.

Um dos itens desse estatuto, o da representação proporcional à votação das chapas concorrentes no Conselho, garantiu essa oxigenação política. José Carlos Peres, segundo colocado em 2014, elegeu conselheiros e se fortaleceu politicamente para vencer três anos depois. Andres Rueda, segundo colocado ao lado de Roma no dia 9, pode fazer percurso parecido: a chapa dele elegeu 64 conselheiros e, se a gestão de Peres não alcançar a excelência que o torcedor espera, Rueda vai ser um concorrente muito forte em 2020.     

Peres parece ter começado com o pé direito, apesar da derrota na eleição do Conselho.

Convidou gestores profissionais de futebol conhecidos e respeitados para o cargo de diretor executivo. Ouviu recusas de Diego Cerri, do Bahia, e de Rui Costa, da Chapecoense e ex-Grêmio. Mas continuou na direção certa. Gustavo Vieira, o contratado, não fica devendo nada profissionalmente aos dois. A tentativa que estava sendo feita até o fechamento desta edição, da contratação do treinador Jair Ventura, também parece muito adequada.

E o discurso de Peres, pelo menos até agora, está muito encaixado tanto com a grandeza do Santos como com os desejos da torcida:
• Rescisão de um contrato ainda não-iniciado com a Umbro em função dos baixos valores que caberiam ao clube pelo fornecimento de uniformes.
• Exigência de respeito ao clube pela Rede Globo. Que no ano passado exibiu um filme de aventura no horário em que o Santos estava em campo disputando uma vaga nas semi-finais do Paulistão.
• Conversa direta com o prefeito de São Paulo, João Dória, sobre o uso do Pacaembu para mandar metade dos jogos do Santos na temporada, revezando com a Vila Belmiro, que precisa ter a tradição de “alçapão” resgatada.
José Carlos Peres só erra em dois pontos:
• Quando vem com essa ladainha de cofre raspado e dificuldade financeira. Erra porque esse discurso pessimista, ao apontar o dedo para o antecessor, Modesto Roma, também fragiliza a imagem pública do clube.
• Quando não prioriza a volta de Joãozinho para a supervisão das categorias de base. O ex-capitão e ex-treinador, demitido injustamente por Roma, foi um dos grandes responsáveis pelo momento mágico que a base do Santos viveu entre 2010 e 2014.