Coluna Dois

Paulistão: os 4 grandes colocam as cartas na mesa

20/01/2018

As observações na largada de uma temporada do futebol são muito limitadas. Os jogadores estão voltando das férias. A amplitude dos movimentos musculares está mais restrita por causa da preparação física da pré-temporada. Todos estão sem ritmo de jogo.

Ainda assim, a competição faz com que as cartas sejam colocadas na mesa. A primeira rodada do Paulistão, neste meio de semana, cumpriu essa função.

Dos quatro grandes de São Paulo, três vão disputar a Copa Libertadores e têm essa competição como principal objetivo do ano: Corinthians, Palmeiras e Santos. A fase de grupos da competição sul-americana para eles começa no finalzinho de fevereiro ou comecinho de março. Ou seja, as equipes teriam de já estar desenhadas.

No caso do Santos, ainda não está. Sob nova direção desde o início do ano, o Peixe contratou um treinador promissor, Jair Ventura. Na estreia do Paulistão, mostrou que a base do time, conservada, é sólida. Ganhou bem do Linense fora de casa por 3 x 0. Depois disso fechou com  atacante Gabigol. O Santos parece bem direcionado para completar o elenco ao tentar o colombiano Trellez e o argentino Zelarayán. O atacante Rodrigão foi eficiente contra o Linense. Vechio, que jogou como articulador da equipe, foi ainda melhor. Mas o primeiro, aparentemente bem acima do peso, não parece ter condições de ser titular. E o segundo, como também o volante Renato, teria muita dificuldade para enfrentar a temporada toda jogando como titular. No caso, de Renato, Calabrês, que atuou na Copa SP, animou os torcedores.

O Palmeiras, que bateu o Santo André em casa por 3 a 1 na estreia do Paulista, parece estar pronto. Endinheirado, foi o que melhor se reforçou. Os laterais Marcos Rocha e Diogo Barbosa, que ainda não estreou, e os meias Lucas Lima e Scarpa encorparam o time. Sobre o Verdão a suspeita deste ano é a de repetir o mesmo erro o ano passado: será que o treinador Roger Machado tem quilometragem suficiente para lidar com os muitos egos inflados desse elenco? Em 2017, Eduardo Baptista não segurou a onda.    

 O Corinthians, mesmo mantendo a estrutura campeã do ano passado, mostrou, na derrota em casa contra a Ponte Preta, que vai sentir muito a perda do atacante Jô e do ala Guilherme Arana. O sistema de jogo do treinador Carille exige do atacante de área uma precisão cirúrgica na finalização das poucas situações de gol que a equipe cria. Kazim não tem, nem de longe, esse perfil. Deve ser substituído por Carlinhos, promessa da base, na segunda rodada. O problema é grave e se não for resolvido o Timão pode derrapar na Libertadores.

O São Paulo estreou com um time alternativo. Ainda assim, foi possível observar a continuação de um problema recorrente em equipes treinadas por Dorival Junior: falta de vibração. Perdeu fora de casa para o São Bento, que pintou como a equipe mais forte do Interior, por 2 x 0. O Tricolor não vai disputar a Libertadores. Perdeu o atacante Pratto e o meio campista Hernanes, herói da luta contra o rebaixamento no ano passado. O goleiro Jean chega para ser titular e o meia Diego Souza, talvez para ser utilizado como atacante. O São Paulo precisa recuperar a alma, missão para o ídolo Raí, gerente de futebol.