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Lavar a alma verdadeiramente

10/02/2018

Naquela manhã, a caminho do trabalho, Marcela ouviu uma conversa no ônibus: 
“-Eu disse a ela tudo o que estava entalado na minha garganta. Não tive compaixão.
-E como foi que ela reagiu? – questionou a segunda pessoa.

-Ficou chorando, pedindo desculpas, mas eu não perdoei. Lavei a alma”.
Marcela se recordou de uma briga que tivera com a irmã, há alguns anos. E de como dissera palavras duras e pesadas.
Ao ser confrontada pela avó, dissera essa mesma frase que acabara de ouvir: 
-Lavei a alma!
Recorda que a avó perguntara o que significava “lavar a alma”.
-Ora, é botar pra fora tudo o que incomoda.

-Entendi. – Falara a sábia senhora. -Então, seu coração deve ter ficado em paz depois de ter dito coisas tão duras. A raiva passou e você e sua irmã ficaram bem, certo?

-Na verdade, não. Ainda estou magoada e continuamos brigadas. Mas eu disse tudo o que estava entalado.
-Quer dizer que você lavou a alma, mas não perdoou.
-Não perdoei e nem esqueci.

-Então você não lavou a alma, minha menina. Quando lavamos algo, como uma roupa, por exemplo, tiramos dela toda a sujeira. Quando nos propomos a lavar a alma é para tirar dela tudo o que nos faz mal: raiva, rancor, mágoa, orgulho, egoísmo.

E a vó finalizou: -? e somente conseguimos isso quando compreendemos o outro, quando conseguimos não nos sentir afetados pelo mal recebido e perdoamos.

Marcela tivera um choque ao ouvir aquelas palavras. Nunca havia pensado no termo “lavar a alma” sob aquela perspectiva.

[com base no livro “O Evangelho segundo o Espiritismo” de Allan Kardec e na Redação do Momento Espírita]

Há uma ideia muito antiga que diz que devemos reagir, rebater as ofensas e pagar na mesma moeda. Isso ainda é resquício do “olho por olho, dente por dente”, praticado nos tempos de Moisés.

O Mestre Jesus, contudo, ensinou: 

“Tendes ouvido o que se disse: olho por olho e dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas se alguém vos ferir na face direita, oferecei-lhe também a outra”.
Nesta exortação reside a chave para compreender e praticar o perdão.

O que nos move a revidar uma ofensa geralmente é nosso orgulho ferido. Não conseguimos perceber que quem ofende muitas vezes se encontra doente, precisando de ajuda.

Ao devolvermos a injúria, alimentamos sentimentos e energias ruins em ambos os lados.

Perdoar uma ofensa exige coragem e integridade, ainda mal compreendidas pelos que nos deixamos arrastar pelo orgulho e pelo egoísmo.

Uma alma lavada é uma alma livre de sentimentos negativos.
Mas como se limpa a alma?

O segredo está em amar o próximo como a nós mesmos. Ver em quem nos magoa um irmão carente de amor tanto quanto nós.

Lavar a alma de sentimentos negativos implica no maior ato de coragem de todos, que é deixar de nos colocarmos em primeiro lugar para compreender o que está provocando a atitude do outro.
É fazer por ele o que gostaríamos que fizessem a nós, quando também nos sentirmos magoados e feridos.
É compreender e ajudar.

PAZ, SAÚDE E PROSPERIDADE !