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Uso de dispositivos pode ser causa de miopia em crianças

17/02/2018

Em uma década, dobrou o número de crianças que precisam usar óculos de grau, segundo dados epidemiológicos do Conselho Brasileiro de Oftalmologia. A miopia, dificuldade de enxergar à distância, é hoje o vício de refração mais frequente na infância, informa o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier. Na sua avaliação, o que impulsionado o crescimento do problema é o esforço para enxergar de perto imposto pelo uso precoce da tecnologia. “O olho da criança está em desenvolvimento até os 8 anos e os músculos ciliares que movimentam nosso cristalino para frente e para trás se acomodam”, explica. 
 

Vícios refratários têm que ser corrigidos
Queiroz Neto lembra que os vícios de refração, que respondem por 63% dos problemas de visão em crianças, não são doenças. Por isso a miopia, hipermetropia e astigmatismo não têm cura, mas precisam ser corrigidos. "A falta de lentes corretivas pode levar ao estrabismo ou olho torto, devido ao excesso de esforço para enxergar. Até os 8 anos também pode causar ambliopia ou olho preguiçoso, porque o cérebro faz a criança usar só o olho melhor, o  que leva à perda da visão no outro", alerta. Além disso, a visão compromete o aprendizado e  57% das crianças com problemas visuais são desatentas e agitadas.

 

Como identificar
As dicas do especialista para pais e professores de crianças com até 2 anos são observar se o pequeno tem falta de interesse pelo ambiente e pessoas, olhos vermelhos, secreção ou lacrimejamento constante, pupila muito grande, com reflexo, cor acinzentada ou opaca.

Nas crianças a partir de 3 anos os sinais de problemas na visão são  tombamento da cabeça para um dos lados, dor frequente de cabeça ou no globo ocular , olhos desviados para o nariz ou para fora, esfregar os olhos após esforço visual e fechar um dos olhos em locais ensolarados. Em crianças alfabetizadas os problemas visuais fazem com que  aproximem ou afastam muito o rosto da TV, livros ou caderno. No site é possível fazer uma primeira avaliação através de um teste de visão autoexplicativo. 
 

Celulite ocular é grave

O problema é pouco conhecido, mas grave e pode até cegar. O perigo é ainda maior se afetar uma criança. "A celulite orbitária é uma emergência médica. Normalmente, surge após um quadro de sinusite ou de conjuntivite, pois é causada pela mesma bactéria", alerta a oftalmopediatra Marcela Barreira. 

Ela explica que a celulite celular, ou orbitária, pode tanto atingir os tecidos ao redor dos olhos como a região atrás dos olhos, causando danos ao nervo óptico e, em outros casos, danos neurológicos. "Essas duas condições são os principais perigos associados à doença", comenta. Quando não identificada e tratada rapidamente, pode causar perda de visão ou evoluir para uma meningite, com comprometimento neurológico grave.

A doença é mais comum em crianças e adolescentes entre 7 e 12 anos, porque eles ainda não estão com o sistema imunológico totalmente formado. Não se sabe o motivo, mas os meninos têm o risco dobrado em relação às meninas.  

Sintomas- Uma alergia ocular pode causar inchaço e vermelhidão, que também são sintomas da celulite orbitária. "Entretanto, por se tratar de uma doença infecciosa, a celulite ocular apresentará outros sintomas associados, como febre, dor, calor no local, a criança pode ficar mais prostrada, mais quieta do que o normal. "Caso isso aconteça, os pais devem procurar um pronto socorro imediatamente", orienta Marcela Barreira.

Diagnóstico e tratamento – O diagnóstico, geralmente, é feito com a ajuda de exames de sangue, que vão confirmar ou não a infecção, testes de visão e até exames neurológicos, dependendo do caso. O tratamento é à base de antibióticos, muitas vezes com necessidade de internação para administração endovenosa. "Quando tratada a tempo, a celulite orbitária é curada e não deixa sequelas", tranquiliza a oftalmopediatra.
 

Tumor nos olhos na infância

Um dos tipos de câncer comuns na infância é o retinoblastoma, que afeta a retina e é altamente maligno, mas que tem grandes chances de cura se diagnosticado precocemente. "Cerca de 90% dos casos de retinoblastoma detectados no início conseguem ser curados. Porém, se for tardio, pode haver complicações, como perda do olho ou até morte da criança", adverte a oftalmologista Ana Paula Canto. As causas do retinoblastoma são hereditárias ou por mutações de genes. Por isso, o acompanhamento oftalmológico desde o nascimento da criança é essencial, principalmente se existirem casos da doença na família. 

Indícios

O Teste do Olhinho, realizado ainda na maternidade, é um grande aliado para o diagnóstico, pois pode apresentar indícios do problema logo após o nascimento. Outros indícios são a fotofobia (sensibilidade exagerada à luz), estrabismo ou o chamado "reflexo olho de gato", que é quando a pupila fica branca em vez de vermelha nas fotografias com flash. "Esse sintoma é chamado de leucocoria, que não é uma doença em sim, mas pode ser um indicativo retinoblastoma. Então, quando a criança estiver com esse ou qualquer outro sintoma, é hora de procurar um especialista", recomenda Ana Paula Canto.