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Tarde demais

17/02/2018

A intervenção militar no Rio de Janeiro é uma providência inútil. O descontrole é fruto de anos de descaso, roubalheira e de uma sociedade que não viu problemas em consumir cocaína e outras drogas como se fossem refrigerante.

O fato é que não existe traficante onde não há consumidor. Quando a elite carioca aspirava e fazia festas de arromba estava apenas produzindo o ovo da serpente. Será que os cariocas não perceberam isso, ou simplesmente varreram a sujeira para debaixo do tapete?

A guerra do tráfico, que mata bandidos, policiais e inocentes todos os dias, é resultado de uma sociedade doente, em estado quase terminal. Ou alguém minimamente esclarecido pode achar que, no estágio atual, fuzis e metralhadoras do exército vão colocar ordem numa cidade dominada por traficantes e ladrões de colarinho branco?

O governo federal está apenas fazendo mais uma jogada de marketing para tentar retirar do asfalto a popularidade do presidente Michel Temer. Apesar de ser o governante mais impopular da história do país, Temer ainda sonha com uma possível reeleição. Mais uma prova de que Brasília é um outro mundo, capaz de cegar seus habitantes poderosos.

A história tem mostrado que Nações de verdade só se constroem com investimentos maciços na educação, mas, infelizmente, o Brasil jamais adotou essa prática. Em nosso país sempre prevaleceu o populismo e a demagogia. Elites formaram suas castas e cada uma delas defende seus privilégios. É só olhar a classe política, o Poder Judiciário… Precisa dizer mais?

Fuzis e metralhadoras, mesmo um exército inteiro, serão incapazes de por fim à tragédia carioca, que, não se enganem, caros leitores, se estenderá pelo Brasil, cedo ou tarde.

 O renascimento do Rio de Janeiro e do Brasil só será possível se esse for o desejo do conjunto da sociedade. Ela quer? Essa é a questão.