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Sinal amarelo!

17/02/2018

Na guerra contra a febre amarela, uma doença do século 19 e capaz de dizimar populações inteiras, a campanha de vacinação está perdendo as batalhas de informação. 

As notícias falsas se espalharam mais do que as orientações verdadeiras, provocando dois movimentos inversos entre si, mas idênticos na irracionalidade. 

O primeiro, logo no início da campanha, provocou a corrida de muita gente a postos de saúde, apavorada com a letalidade da doença e a informação (falsa) de que não haveria doses para todos. Em alguns postos de saúde de São Paulo, houve quem arrombasse portões, agredisse funcionários e até mesmo pulasse muro, na tentativa de se imunizar a qualquer custo.

Agora, a notícia falsa que se espalha dá conta sobre reações adversas à vacina, que seriam mais letais que a própria doença. Nada mais equivocado, assegura o infectologista Marcos Caseiro, um dos maiores especialistas no assunto, que frequentemente participa de eventos científicos internacionais para transmitir seus conhecimentos e também se atualizar. 

Em consequência, a procura pela vacina foi bem menor que a esperada pelas autoridades de saúde que, além de realizarem a imunização em unidades de saúde em dias úteis, também promoveram mutirões aos sábados (Dia D) e instalaram postos volantes —esta semana, na Praça Mauá e neste sábado (17), na Praça das Bandeiras (Gonzaga). 

 

Baixa adesão
No estado de São Paulo, das 23,9 milhões de pessoas que se pretendia imunizar, foram vacinadas 2,7 milhões (26%). Em Santos, o resultado é um pouco pior: da meta de 320 mil pessoas, foram vacinadas, de 25 de janeiro até o final da tarde de sexta-feira (16), 61.925 pessoas (19,35%).

A Secretaria Municipal de Saúde de Santos estima que cerca de 10 mil pessoas devem ser vacinadas neste sábado (Dia D), superando os 8.560 do primeiro Dia D da campanha, em 3 de fevereiro. Ainda assim, a meta de 320 mil não será atingida. 

Apesar de a campanha nacional terminar neste sábado (17), as vacinas continuarão disponíveis em diversas policlínicas de Santos. Os técnicos da Secretaria de Saúde já planejam organizar mais um Dia D (um sábado) mas a recomendação é que a pessoa procure se imunizar o mais rápido possível. 
O risco de o tipo urbano da doença se espalhar existe.  Seria o caos.

 

Reações adversas

Apesar de a enxurrada de notícias falsas exagerar no risco das reações adversas, os especialistas alertam que o risco de ocorrer consequências graves se resume às pessoas cuja aplicação da vacina é contraindicada. Veja abaixo:

Nos demais casos, a regra é não haver qualquer reação, além da dor (leve ou moderada), no local de aplicação, durante um ou dois dias. Podem aparecer outros sintomas, considerados sem gravidade (febre com duração de até sete dias, dor de cabeça e dor no corpo). 
 

Quem não deve tomar a vacina

• Crianças com até nove meses de idade
• Mulheres amamentando crianças menores de seis meses de idade
• Pessoas com alergia grave a ovo
• Pessoas com HIV e que têm contagem de células CD4 menor que 350
• Pessoas em tratamento de quimioterapia e/ou radioterapia
• Pessoas portadoras de doenças autoimunes
• Pessoas em tratamento com imunossupressores (recém transplantados, por exemplo).
• Pessoas com mais de 60 anos
Nestes casos, o médico que acompanha rotineiramente o paciente deve ser consultado
Fonte: Secretaria de Estado de Saúde

 

Quem deve receber a dose padrão (não fracionada)

• Pessoas que vivem com HIV e que têm contagem de células CD4 maior que 350;
• Pessoas que terminaram tratamento de quimioterapia e radioterapia;
• Pessoas com doenças hematológicas (do sangue);
• Grávidas;
• Crianças entre nove meses e dois anos de idade;
• Viajantes internacionais cujo país de destino exija o Certificado Internacional de Vacinação e Profilaxia (CIVP). 

 

Sintomas da febre amarela

• Febre de início súbito;
• Calafrios;
• Dor de cabeça;
• Dores nas costas;
• Dores no corpo;
• Náuseas, vômitos;
• Fadiga;
• Fraqueza;
• Icterícia (coloração amarelada da pele e do branco dos olhos); e
• Sangramentos