Comportamento

Mulheres (cada vez mais) em cena

03/03/2018

Desde sempre, a mulher sempre foi considerada uma peça de figuração – na vida real e nas telas do cinema. Ainda que tarde, esta situação começa a dar sinais de mudança, com ações concretas no mundo dos pobres mortais e no das celebridades. 

O principal desafio, no entanto, continua sendo combater a ideia ainda disseminada em boa parte da sociedade de que o problema não existe. A cerimônia de entrega do Oscar, que acontece neste domingo (4) deve ser marcada por manifestações de protesto contra o assédio sexual (após vários casos de escândalo virem à tona) e também pelo aumento da presença feminina entre as concorrentes aos prêmios e a abordagem do tema nos filmes.

 

Glamour e ativismo
“A cerimônia em si será marcada pelo glamour de sempre, mas também com um tom de protesto das mulheres. Exemplo disso foi o Globo de Ouro, onde muitas mulheres vestiram preto em apoio ao movimento que torna público questões de assédio sexual e moral no ambiente de trabalho”, afirma Juliana Souza Oliveira, pesquisadora no Núcleo de Estudos Comparados e Internacionais da Universidade de São Paulo (USP). 

Ela avalia que a abordagem do tema em filmes tem a capacidade de promover mudanças na sociedade. “A arte é influenciada e também influencia na sociedade. Os filmes, em especial, têm impacto, uma vez que privilegiam um determinado ponto de vista. O Oscar esse ano expressa muito do momento em que vivemos, tanto pelas indicações como pela cerimônia”, explica.

A pesquisadora chama a atenção para a quantidade de filmes indicados que destacam o ponto de vista de personagens femininas, como “Lady Bird”, “3 anúncios para um crime”, “The post” e “A forma da água”. “Isso não é trivial, em especial porque temos uma mistura bastante interessante de tipos de personagens femininas, um toque sutil, delicado, mas também corajoso da personagem de ‘A Forma da água’; a dureza do amor de uma mãe que não sabe ser delicada em ‘Lady Bird’, e a coragem da editora de um dos maiores jornais do mundo em ‘The Post’. Isso faz com que mulheres possam se identificar e pensar sobre sua própria trajetória de vida”, afirma.

Na avaliação da pesquisadora, houve avanços no debate das questões de gênero, mas não na velocidade ideal. “É normal que em momentos de reivindicação haja reação, estranhamento.  O tema das mulheres sempre fora, de alguma forma, abordado pela arte. A questão é o grau de repercussão e o tipo de abordagem. Mulheres foram majoritariamente retratadas por homens, do ponto de vista masculino, isso ajudou a criar e reforçar estereótipos do feminino segundo o ponto de vista deles”, explica.

 

Mais espaço
Daniela destaca que as mulheres estão conquistando mais espaço em nichos antes dominados quase que exclusivamente por homens, inclusive no campo das artes. “Passamos a ter acesso a diretoras mulheres, artistas mulheres, estilistas mulheres, personagens femininas mais profundas e complexas, poetas mulheres, MCs mulheres. O feminejo é expressão disso, quando nos anos 90 tivemos duplas femininas lotando shows de música sertaneja?”, pondera.

 

Confira alguns filmes que valorizam mulheres:

O sorriso de Mona Lisa


Na década de 1950, uma professora começa a dar aulas em uma tradicional escola, cuja missão é ensinar as alunas a serem boas donas de casa. Em suas aulas, ela estimula as estudantes a terem um olhar mais crítico da vida, perceberem seu potencial e decidirem elas próprias o destino de suas vidas. 

 

As sufragistas


Baseado em fatos reais, retrata a luta de um grupo de mulheres pelo direito de votar, no início do século 20, no Reino Unido, enfrentando a pressão da polícia e de familiares. Uma das ativistas, Emmeline Pankhurst (Meryl Streep), morreu em 1928, poucas semanas após as mulheres conquistarem o direito ao voto na Inglaterra.

 

Erin Brockovich


Mãe de três filhos, a advogada luta com entusiasmo num processo em defesa de vítimas de uma empresa que contaminou a água da cidade. Interpretada por Julia Roberts, a personagem luta contra o poder econômico, o preconceito e o desafio de conciliar tarefas profissionais e familiares. O filme foi baseado em fatos reais. 

 

Comer, rezar e amar


Elizabeth (Julia Roberts) percebe que leva uma vida infeliz e decide viajar em busca de novas experiências na Itália, na Índica e em Bali. Baseado em um livro que vendeu mais de 4 milhões de exemplares e traduzido em 26 idiomas, o filme tem um personagem brasileiro (interpretado por Javier Barden) e bossa nova na trilha sonora.

Mulher Maravilha


Num universo de super-heróis dominado por homens, a Princesa Diana incorpora o poder feminino e que é possível ser dura, sem perder a ternura. Ela sai de uma ilha paradisíaca, onde foi treinada para ser uma guerreira invencível, para lutar ao lado de homens e acabar com todas as guerras.

Moana


Desenho animado da Disney, ela é uma Princesa sem Príncipe: bonita, corajosa, independente, decidida e cheia de sonhos. Filha do chefe de uma tribo na Polinésia, ela faz uma viagem a uma ilha mitológica, na busca pela história de seus ancestrais, e acaba enfrentando terríveis monstros marinhos.