Comportamento

Sete mulheres que mudaram o mundo

08/03/2023

Não ter direito ao voto, aos estudos, não poder sair sozinha de casa… Se hoje isso soa como absurdo, saiba que essas e tantas outras mudanças aconteceram porque, ao longo da história da humanidade, existiram mulheres corajosas e poderosas, que dedicaram suas vidas para mudar conceitos, quebrar barreiras e conquistar direitos.

Neste Dia Internacional da Mulher, reunimos, em uma enxuta lista, algumas dessas mulheres incríveis que moldaram o mundo como conhecemos hoje.

Coco Chanel


Gabrielle Bonheur Chanel, Coco Chanel, foi uma mulher muito à frente de seu tempo. A estilista francesa revolucionou a moda, especialmente, no pós-Primeira Guerra Mundial, quando passou a incorporar elementos do guarda-roupa masculino e tecidos mais simples e confortáveis em suas coleções femininas. Assim, libertou as mulheres do uso de vestidos extravagantes, chapéus emplumados que lhes cobriam o rosto e os espartilhos. À época, foi um escândalo propor que mulheres usassem calças. Por opção, nunca se casou e nem se importava com o burburinho que isso causava na sociedade. O perfume de sua criação, o icônico Chanel nº 5, é o mais vendido de todos os tempos.

Frida Kahlo


Uma das mais importantes artistas plásticas do século XX, a mexicana Magdalena Carmen Frida Kahlo Y Calderón, foi uma mulher revolucionária. Mesmo com todas as intempéries que a vida lhe deu (poliomielite na infância e um acidente de ônibus na adolescência que deixou sérias sequelas), Frida transformou suas limitações em arte, retratando suas angústias e frustrações em criações únicas. Com estética muito próxima ao Surrealismo, sua arte foi marcada por cores vivas e temas incomuns, como cenas de partos, abortos e assassinatos de mulheres, além de muitos autorretratos. A artista tinha verdadeira aversão aos padrões de beleza de Hollywood. Sua marca registrada – o buço e as sobrancelhas espessas e escuras – era uma forma de contestação, além das roupas coloridas, estampadas e floridas que traziam referências dos costumes mexicanos.

Marie Curie


Foi no seio da família que a polonesa Maria Salomea Sklodowska encontrou respaldo para se tornar uma gênia da ciência. Em pleno século XIX, seus pais se esforçaram para que ela tivesse as mesmas oportunidades de estudos que o irmão. Para se formar em física e química, ela teve de ir estudar em Paris. Ao lado de seu marido, Pierre Curie, já então com o nome de Marie Curie, ela se tornou pioneira nos estudos sobre radioatividade, que lhe rendeu o Prêmio Nobel de Física e, mais tarde, o de Química, pela descoberta dos elementos Polônio e Rádio. Mais do que desvendar os mistérios da radioatividade, Curie desenvolveu aplicações médicas para suas descobertas, criando unidades móveis de radiografia, que foram apelidadas de “petites Curies”, durante a Segunda Guerra Mundial.

Veuve Clicquot


A história de uma das bebidas mais conhecidas do mundo começa com uma tragédia. Casada com um fabricante de vinhos, a francesa Barbe-Nicole Clicquot seria dona de casa, como a maioria das mulheres do início do século XIX. Mas a morte prematura do marido a vez ficar viúva aos 27 anos. Sem educação formal para negócios, mas com uma filha para criar, Barbe-Nicole decidiu assumir a vinícola da família. Com a ajuda de seu mestre de adega, desenvolveu o “table de remuage”, um processo pelo qual se retira o sedimento do champanhe, tornando-o mais cristalino. Assim, seus vinhos suaves e borbulhantes caíram nas graças dos soldados estrangeiros que lutavam na França e agradou realezas de toda a Europa. Dedicada e exigente, ela se tornou uma das primeiras mulheres de negócios dos tempos modernos, sendo conhecida como “A Grande Dama de Champagne”. A viúva Clicquot deixou um verdadeiro império, ao morrer, em 1896.

Pagu


Patrícia Rehder Galvão, a Pagu, defendia a participação ativa da mulher na sociedade e na política. Diferentemente das moças de sua época, usava blusas transparentes, fumava na rua e falava palavrões. Sua militância teve início após se filiar ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) junto com seu marido, Oswald de Andrade. Foi a primeira brasileira do século XX a ser presa política, feito que se repetiu por diversas vezes, inclusive na França, quando quase foi entregue aos nazistas acusada de ser uma comunista estrangeira. Como jornalista, Pagu colaborou com diversos periódicos, principalmente, como correspondente internacional. No exterior, entrevistou Sigmund Freud e assistiu à coroação de Pu-Yi, o último imperador chinês (com quem conseguiu sementes de soja enviadas ao Brasil e introduzidas na economia agrícola). Sob pseudônimos e sem o apoio do PCB, publicou contos e romances, entre eles, o “Parque Industrial”, que expunha a vida das operárias da cidade de São Paulo.  Apaixonada por teatro criou o Festival Santista de Teatro Amador – Festa, que acontece até hoje na cidade.

Leila Diniz


Musa da libertação feminina no Brasil, Leila Diniz desafiou a moral e os bons costumes da década de 1960 e se tornou símbolo das mudanças da sociedade nos anos seguintes. Em uma entrevista ao jornal “O Pasquim”, a atriz escancarou suas ideias sobre amor e sexo, escandalizando o país. Meses após a publicação, em meio à ditadura militar, foi aprovado o Decreto “Leila Diniz”, que instaurava a censura à imprensa no país. Leila foi perseguida politicamente e chegou a perder contratos profissionais. Voltou a chocar a sociedade quando se deixou fotografar exibindo sua barriga de grávida, na praia de Ipanema, usando biquíni. À época, quando iam à praia, as gestantes usavam uma “cortininha” sobre a barriga. Sua morte, em 1972, em um acidente aéreo, fortaleceu sua imagem de mulher libertária que prevalece até os dias de hoje.

Maria da Penha


A história da farmacêutica bioquímica Maria da Penha Maia Fernandes mudou os rumos da impunidade em relação à violência contra mulheres no Brasil. Sua luta por justiça, na busca pela condenação de seu ex-marido por sucessivas agressões e duas tentativas de homicídio (que lhe deixou paraplégica), a transformou em um ícone na defesa de mulheres vítimas de seus companheiros. Após conseguir, com a ajuda de órgãos internacionais, a condenação do Estado brasileiro por negligência, omissão e tolerância em relação à violência doméstica, ela passou a lutar pela criação da lei que conhecemos hoje como Maria da Penha, que endureceu as punições contra agressores.